05/03/12

Qual neo-liberalismo, a culpa é dos táxistas

Paul Krugman trouxe-nos há pouco uma mensagem de esperança: Portugal não precisa de baixar os salários para o nível dos chineses.
Ao ler as palavras do Nobel, suspirei de alívio, o meu coração rejubilou e a minha alma desatou aos pulinhos. E se a esta notícia se acrescentar uma outra, entretanto anunciada por Álvaro Santos Pereira, a saber, que os desempregados portugueses irão ter à sua disposição um gestor de carreira, é mais do que evidente que estamos no rumo certo.
Com sorte, até pode ser que chova alguma coisa de jeito!
O meu optimismo cresce de dia para dia. Há tempos, fora o anúncio feito por Pedro Mota Soares das refeições take away direccionadas para pobres, versão update da sopa do Sidónio. E porque o facto de alguém ser pobre e ter fome não deve obstruir o caminho da modernização gastronómica, espera-se que o toucinho e chouriço de antanho sejam substituídos por produtos menos gravosos dos níveis de colesterol.
Exemplo de louvável “empreendedorismo” é também a passagem anunciada do Ministério da Administração Interna (Terreiro do Paço) a Pousada de Portugal, projecto que vem do anterior governo, e isto enquanto se aguarda que a Fortaleza de Peniche, prisão política do Estado Novo, lhe imite a função recreativa.
Em tempos, Eça resumiu o país a duas frases: Não é uma existência; é uma expiação.
Expiação será, mas no fim aguarda-nos um milagre. Se não o da chuva de Cristas, decerto aquele que podemos deduzir da citação de Benjamin Franklin traduzida há dias no canal “História”.

Original: In this world nothing can be said to be certain, except death and taxes.
Tradução (Canal História): Nada neste mundo se pode ter como certo, excepto a morte e os táxis.
Caso para se dizer: o país vai de carrinho.

[obrigada, Joana]

4 comentários:

Fernando Oliveira disse...

Boa tarde.
Acho o artigo muito interessante, creio que o original foi publicado este fim-de-semana (3 de março) no Expresso mas há qualquer coisa que não bate certo. O que há de mais certo na vida, já os antigos o diziam há muito, é a morte e são os IMPOSTOS, não são os táxis. "taxes" é o plural de "tax", "imposto".

Cumprimentos.

Fernando Oliveira

Ana Cristina Leonardo disse...

Caro Fernando, é para aí a quinta pessoa que me escreve a explicar-me que taxes são taxas/impostos.
Ora bem, eu sei que taxes são taxas/impostos. Quem não sabe que taxes são taxas/impostos são os tradutores do Canal História que traduziram taxes por táxis (conforme eu penso que está claro no texto - mas que vou já tornar explícito).
Ah! A ironia e tal.
:-)

Fernando Oliveira disse...

Peço-lhe imensa desculpa! Confesso que li a sua coluna do Expresso várias vezes à procura de qualquer coisa que me desse a entender haver ali ironia. "Mea culpa". É de facto um bom exemplo do que grassa por esses canais de cabo, com excelentes programas das mais variadas índoles, que nos deixam o cabelo em pé quando acompanhamos o locutor com as legendas.
Saudações.
Fernando Oliveira

Ana Cristina Leonardo disse...

Fernando, não tem nada que pedir desculpa. E muito obrigada por me ler.
Abraço