21/04/13

Sobre a "realidade alemã"

Infelizmente só acessível em francês, aqui fica um interessante documento, difundido pela rádio livre parisiense Sons en lutte, sobre a "realidade alemã", que o Jorge Valadas me transmitiu.  Um excerto da apresentação: "A 16 de Agosto de 2002, um grupo de especialistas dirigido pelo director dos recursos humanos da Volkswagen, Peter Harts, apresentava à coligação governamental, constituída pelo Partido Social-Democrata e pelos Verdes e encabeçado pelo chanceler Schröder, as suas propostas relativas às reformas do mercado de trabalho. Dez anos mais tarde, o resultado: pauperização dos trabalhadores, conteole social exacerbado e crescimento vertiginoso das desigualdades sociais. A Alemanha um modelo? Para o 1 por cento das classes superiores que dita a sua política aos 99 por cento restantes, sem dúvida: cada vez mais para eles, cada vez menos para os outros".

Torna-se assim inevitável a pergunta: que sentido tem e que interesses serve a palavra de ordem de reconquista da independência nacional contra a Alemanha, como se esta fosse uma realidade social homogénea, uma oligarquia indivisível e coesa, e o conjunto dos alemães, uma raça de senhores, um bloco de exploradores coerente dos países periféricos ou do Sul?

5 comentários:

João Valente Aguiar disse...

E pior é quando acontecem casos como o de um comentador que nos disse há uns meses, e que citei num artigo, que os trabalhadores do norte da Europa estavam a explorar os trabalhadores portugueses... E depois ficam escandalizados quando damos conta de que a ideologia deles é o nacionalismo.

A esquerda nacionalista não defende os trabalhadores, mas defende tão-somente a reprodução das mesmas hierarquias e das mesmas dinâmicas sociais, económicas e políticas que dizem criticar. Só que fazem-no sobretudo a partir do Estado e num quadro que desejam de isolamento nacional. O que, em termos de efeitos práticos, é ainda pior, muito pior do que a situação actual, já de si violenta o suficiente.

Abraço!

Anónimo disse...

"A esquerda nacionalista não defende os trabalhadores, mas defende tão-somente a reprodução das mesmas hierarquias e das mesmas dinâmicas sociais, económicas e políticas que dizem criticar. Só que fazem-no sobretudo a partir do Estado e num quadro que desejam de isolamento nacional. O que, em termos de efeitos práticos, é ainda pior, muito pior do que a situação actual, já de si violenta o suficiente."

- o que o federal-fascismo tem a oferecer todavia é bem pior,põe mais uma camada de burocratas entre o povo e o poder político - burocratas esses que por sua vez nunca farão nada contra o interesse dos alemães, nomeadamente do capital alemão.

João.

João Valente Aguiar disse...

Fala o tipo que defendia a URSS, esse paraíso federal de burocratas onde até para se mudar de cidade se tinha de pedir autorização...
Esse paraíso que fuzilava próprios membros do PCUS, prendeu e matou e você quer comparar a UE (que tem naturalmente imensos e irremediáveis defeitos) com a URSS? Qualquer um pode ser idiota e acreditar em patranhas uns anos. Agora para sempre é preciso abraçar completamente o irracionalismo...

Anónimo disse...

O que é a lógica totalitária de exterminio político e ideológico posta em prática por Estaline e seus ocasionais esbirros? Victor Serge explica desassombradamente:" Uma horrível lógica presidiu à hecatombe. O poder (Estaline)deliberou suprimir sem rebuço os suplentes dos executivos departamentais nas vésperas da II Guerra Mundial e punir os bodes-expiatórios para fabricar os responsáveis pela fome, a desorganização dos transportes e a miséria de que era o principal culpado. Depois de assassinados os primeiros bolcheviques, era preciso evidentemente assassinar todos os outros,já que se tornaram testemunhas incapazes, claro, de perdoar. Foi também necessário, após os primeiros processos, suprimir aqueles que os tinham elaborado, para que a legenda forjada se tornasse credivel. O mecanismo de exterminação era tão rudimentar que se podia com facilidade prever o seu desenvolvimento. Anunciei, com meses de avanço, o fim de Rykov, de Boukharine, de Krestinski, de Smilga, de Racovski, de Boubnov...Quando Antonov-Ovseenko, o revolucionário que tinha comandado em 1917 o assalto ao Palácio de Inverno,o infeliz que mandou assassinar o meu amigo Andrès Nin e o filósofo anarquista Camillo Berneri, foi chamado do seu posto em Espanha para tomar posse do cargo de chefe da Comissão do Povo para a Justiça, deixado vago por Kryilenko desaparecido sem rasto nas trevas, anunciei que ele estava perdido; e estava. Quando Iagoda, chefe do Guépéou, organizador do processo Zinoviev, foi nomeado comissário do povo dos Correios, anunciei que estava perdido, e estava...(...) O totalitarismo não tem outro inimigo mais perigoso senão o sentido crítico: faz tudo para o liquidar ",in " Mémoires... 1905/1945", edts. Lux/ Flammarion. france. Salut! Niet

Anónimo disse...

Defensor do estalinismo? Você não me conhece de lado nenhum, não faz ideia do que eu defendo para além dos comentários que faço aqui e neles não há defesa nenhuma do estalismo; e nem eu o conheço a si de lado nenhum. O que eu conheço de si é o que você escreve nos blogs.

João.