06/05/16

Labour conquista câmara de Londres. Ainda não é desta que se livram de Jeremy Corbyn.

O Labour e o seu líder Jeremy Corbyn, afinal, não foram na enxurrada que muitos vaticinavam, num exercício jornalístico muito próximo do Wishful thinking e, naturalmente, a léguas do jornalismo independente e rigoroso que devia ser. Quem leu os jornais nos dias que antecederam as eleições encontrou infinitas análises que vaticinavam o pior resultado possível para o Labour e um fim próximo - e por eles desejado - para a liderança de Corbyn. Pouco ou nenhum eco foi dado à campanha infame que Cameron e o seu candidato à Câmara de Londres encetaram contra o candidato do Labour. Num grotesco exercício de racismo tentaram identificar o candidato com os terroristas tendo como base a sua origem étnica. Aproveitando declarações lamentáveis de um velho dirigente do Labour, tentaram capturar o voto judeu, identificando Corbyn com alguém com simpatias pelo anti-semitismo dos nacional-socialistas. Uma vergonha.
Não resultou. Sadiq Khan foi eleito mayor de Londres, pondo termo a um longo período de domínio dos conservadores, então sob a batuta de Boris Johnson. A candidatura do Labour colocou o acento tónico na resolução da crise da habitação que a cidade enfrenta, com a completa ausência de oferta de habitação para todos aqueles que não pertençam ao grupo do muitissímos ricos. Londres é uma cidade que personifica a quinta essência de uma economia construída numa lógica que faz da desigualdade extrema o seu projecto político. Corbyn não o esqueceu na hora de salientar os resultados.
Mas em geral o Labour foi o partido que mais autarcas elegeu, que mais autarquias lidera e, com a excepção da Escócia - com os nacionalistas/independentistas imbatíveis nos dias que passam - teve resultados que fortalecem a sua liderança.
talvez por isso a Escócia se tenha tornado a questão central destas eleições, do ponto de vista da inprensa. O facto de o Labour se ter tornado o terceiro partido em número de eleitos é a grande questão. Mas, não é. O Labour enfrenta uma força poderosa, o SNP, e a perda de influência do Labour escocês é um processo que vem da anterior liderança, que na realidade já vem do tempo de Blair.
Cameron, deve estar por esta altura a pensar que afinal Corbyn é mesmo um osso duro de roer e  deve ter saudades dos tempos em que os dirigentes do Labour pareciam ter como único objectivo fazer o mesmo que ele, mas com uma muito superior consciência social. Esses não são os novos tempos que o "velho" Corbyn representa.

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