12/04/19

Um "soviete" da classe média na revolução sudanesa?

Um aspeto curioso dos protestos no Sudão é que aparentemente os está a liderar - a Associação dos Profissionais Sudaneses, uma organização que agrupa várias organizações profissionais (de médicos, professores, engenheiros, etc.); isto talvez seja eu a querer transpor os esquemas do século XX para o XXI, mas faz-me lembrar um pouco a Revolução Russa de 1905, em que o mais parecido que havia com uma força organizadora não era propriamente nenhum partido  mas o Soviete de São Petersburgo, eleito a partir das fábricas e sindicatos. A grande diferença aqui é que será um "soviete da classe média" (isto é provavelmente um contrassenso, mas enfim), criado a partir das organizações de profissionais qualificados e não das fábricas.

[Por esta descrição das suas origens, inicialmente preocupados sobretudo com reivindicações salariais e de condições de trabalho, imagino que a Associação seja mais vocacionada para os "lugares contraditórios de classe entre a pequena-burguesia e o proletariado" - ou seja para profissionais assalariados - do que para a "pequena-burguesia" - isto é, trabalhadores por conta própria]

E, entretanto, já ia o post quase no fim, lembrei-me que um melhor exemplo talvez fosse o Solidariedade na Polónia (de novo, com a nuance de a Associação sudanesa ser um organização da classe média e não da classe operária).

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