20/04/11

Elogio da falta de comparência

"A fuga, enquanto categoria politica, carrega consigo o peso da suspeição. Aparenta manter relações próximas com a traição, com o oportunismo e com a cobardia, categorias que são simultaneamente antipatrióticas e estranhas às virtudes tradicionais da acção política. A deserção, contudo, enquanto figura de desobediência civil, granjeou algum sucesso, desde a década de 1970, nos movimentos pacifistas e ambientalistas; e o êxodo maciço que ocorreu na República Democrática Alemã e que marcou o fim do Socialismo Real foi de facto um movimento político. Se a fuga surge quase sempre como categoria antipolítica, ela evoca também outras conotações, como a aventura, a partida, a descoberta, a fome de viver. Encontra-se sempre associada aos conceitos de movimento e de inquietação. Tem constituído um dos instrumentos básicos de recusa da banalidade e da rotina da vida quotidiana e das suas sufocantes restrições. A fuga tem sido assim uma via privilegiada para aceder à subjectividade, um caminho para a liberdade e independência."




Sandro Mezzadra, Direito de Fuga

2 comentários:

Patrícia M. Cunha disse...

No caso concreto a que o post se refere parece-me pura infantilidade.

Zé Neves disse...

não creio que a senilidade seja uma solução melhor que a infantilidade.