12/04/11

Nobre Povo

Não pecarão aqueles que criticam Nobre e apenas Nobre e deixam intocado Pedro Passos Coelho? Lembra-me os que substituem a crítica da prostituição pela crítica das putas e de caminho ilibam os seus clientes. Isto, é claro, sem pretender chamar Nobre a quem quer que seja.

8 comentários:

Anónimo disse...

Como fica o Bloco de Esquerda nessas elevadas considerações sobre «putas»?
Ou há clientes de primeira e outros de segunda?
Ou os clientes de «esquerda» devem ser desculpados nestes nobres esquemas?

Zé Neves disse...

anónimo,
o que está em causa é Nobre ter mentido, repito, mentido quando disse que não aceitaria e logo depois (logo depois; não é depois) aceitou. sou contra considerandos moralistas em política; este caso é dos primeiros em que me sinto à vontade para fazê-lo.

não vejo o que raio tem que ver o Bloco de ESquerda com isto. quando nobre foi mandatário ainda não se tinha tornado num missionário anti-partidos como se revelou na campanha de há alguns meses atrás.

Miguel Serras Pereira disse...

Estimado Anónimo,

isso é mais ou menos como perguntar o que devemos pensar do PCP considerando a evolução política de Zita Seabra - não lhe parece?

Já a propósito da sua segunda questão sobre clientes de primeira e de segunda, é mais estimulante, porque suscita uma outra: a da necessidade de distinguir os pequenos e médios proxenetas que poderão eventualmente ser mobilizados - assim a inspiração táctica não falte - para uma frente patriótica de afirmação da soberania e da produção (de serviços) nacional, e os verdadeiros inimigos: as grandes redes de proxenetas multinacionais que tentam colonizar o mercado, em detrimento da prostituição nacional e da independência da nossa economia.

msp

Zé Neves disse...

miguel,

ainda assim o nobre poderia ter utilizado como desculpa a concepção de coerência de que o António José Saraiva fez um dia uso; disse o Saraiva que coerência, para ele, era concordar com o que dizia no momento em que o dizia; mais do que isso não (cá entre nós, e deixando o caso do Nobre, é também verdade que não deixa de ser uma bela definição de heterodoxia).
abç

Miguel Serras Pereira disse...

Tens toda a razão, Zé. De certo modo, a "mentira" ou "incoerência", como tentei dizer no meu post sobre o assunto e valendo-me da previsão confirmada do Luís Rainha, são relativas, relevando do expediente "táctico" dentro de um mesmo horizonte "estratégico". Não descubro grande coisa na doutrina do Fernando Nobre candidato que, por razões de princípio, o devesse tolher de aceitar o lugar que lhe foi oferecido por Coelho. É verdade - e é isso que me parece razão de preocupação séria - que, nesse mesmo discurso, não descortino razões de princípio que o impedissem de aceitar um lugar semelhante nos demais partidos com assento parlamentar (com a excepção TALVEZ do CDS).

Nada disto é uma objecção a tua formulação da questão em termos éticos. Porque, também eu, penso que a "táctica" não é desculpa para tudo.

Abraço grande

miguel (sp)

Anónimo disse...

Quando o BE vai à procura de um homem conservador, demagogo e famoso, isso diz tudo sobre o tema...
Ou será que o sinuoso, e contraditório, discurso político do drº Nobre é de há uns meses, após se decidir ser Presidente?
Quanto a hoje se dizer uma coisa e amanhã outra, e depois de amanhã fazer outra, isso é o pão nosso de cada dia dos políticos em busca de um lugar ao sol, que é como quem diz em luta pelo Poder...
Quer exemplos portugueses ou será que o melhor são os exemplos históricos do Oriente radioso?
Para mim o drº Nobre merece o mesmo desprezo que tenho pelos restantes feitores da quinta, a chamada «classe» política!

Diogo disse...

Afinal é tudo putedo. E eu que julgava Nobre uma senhora de bem...

Troia Beach disse...

Hoje li o Otelo no "Público" dizer que se soubesse no que isto ia dar não teria feito a "revolução", estou solidário com ele, como militar de Abril que fui, deveria ter desertado. A maior parte desta gente não mereceu o esforço, não merecem nada, de alto a baixo. Vamos pagar muito caro - e por muitas gerações - a negligência, sordidez, vaidade, inveja, ódio, despotismo e crueldade de alguns-muitos da política e não só. Em toda a comunicação social não se fala de outra coisa senão no Nobre, se isto alguma vez é assunto...Tenham mais juízo que já são crescidos! E abram os olhos para o que interessa.