20/04/11

Supor saber não basta

Tanto o Zé Neves como o Pedro Viana, o Luís Rainha, o LAM ou eu próprio, supomos — e creio que por boas razões — saber que é inútil apresentar ao FMI objecções aos propósitos que alimentam a sua intervenção em curso. Mas a suposição — da ordem da certeza subjectiva — do que sabemos não basta como prova ou demonstração pública da verdade do nosso saber. Ora, do ponto de vista da democratização do debate e do regime da luta de ideias — inseparável da democratização sem mais do modo de governar, da divisão do trabalho político e das relações de poder — é a capacidade de prova através da demonstração pública que importa. Impossível fazer a coisa por menos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Do preclaro post de MSP decorre:

Ponto 1- o PCP e o BE nunca abriram a boca nem raparam do teclado para tornar público o que combatem e o que propõem no actual quadro nacional.

Ponto 2 - na União Europeia não há tradutores.

Tudo visto, insisto: se o boca a boca e os olhos nos olhos são tão importante nesta matéria (bem, noutras eu bem sei que são, ora essa)porque não antes o tal duelo nas Azinhaga dos Besouros ou umas bengaladas no Chiado ?

Bigodão disse...

A propósito do conceito ibérico de
clareza do discurso

A automatização dos discursos começa a dar nova orientação ao conceito de incompreensibilidade

pelo que percebi ou pensei perceber do arrazoado em curso
considerações vagas sobre ?????

significam aparentemente pensamento no mais elevado plano sobre o desenvolvimento social
humano (e digo humano porque se calhar é sobre formigas ou hienas)

quem é que demonstrará o quê?

perdi-me algures na 3 esquina das palavras

Nónimo disse...

supor saber o quê?

23 milhões de cabeças de gado em 100 milhões morreram este inverno na Mongólia

Isso levou ao desenvolvimento de todo o tipo de fobias e de messias

Os discursos eram semelhantes
tamém num percebi patavina

a caxemira está em alta
contraem empréstimos
para comprar mais cabras

logo mais cabras e menos pasto

resultado morrem à fome e ao frio
não há caxemira pa vender nem carne

de quem é a culpa

dos ladrões dos chineses que querem oprimir os nobres mongóis

moral da história:é a capacidade de prova através da demonstração pública que importa. Impossível fazer a coisa por menos

Miguel Serras Pereira disse...

O que o post do Vítor Dias esquece é que a comparência na reunião permitiria expor as condições e os termos da sua posição pelo FMI em directo; a sua análise concreta na situação concreta que vivemos; a articulação das razões da recusa de negociações como as que se preparam; a proposta de medidas de acção baseadas na redefinição das condições de "apoios" e "resgates"; a insistência, por exemplo, na necessidade de um referendo autêntico (hipótese que os dois partidos parecem preterir em benefício da referendização" em proveito de um e/ou de outro do próximo acto eleitoral), e por aí fora.
Em suma, tratar-se-ia de ir lá, de dizer: "Foi isto que (como prevíamos) nos disseram", de acrescentar: "A isso nós respondemos que…", e de concluir: "Nestas condições, propomos que…"

O que o VD devia tentar explicar é o que é que isto teria de "legitimação do FMI" ou da intervenção em curso ou de "capitulação" - e, além disso, porque é que a ausência constitui, em seu entender, uma forma de alerta e denúncia mais eficaz do que a comparência e a reapresentação de alternativas nas novas condições.
Por fim, faço-lhe notar que não temos de escolher entre o duelo na Azinhaga dos Besouros e o ensimesmamento barricado na Soeiro, mas entre qualquer desses cenários e a transposição da luta e dos "princípios" para a praça pública (que inclui a passagem pela "rua", mas não se limita a isso), pois que é essa a base da legitimidade e a fonte de energia instituinte de qualquer política democrática efectiva (que não se deixe aprisionar pelo colete de forças da mera "representação").

msp