15/12/11

"Só nós"

Podemos muitas vezes discordar das posições e teses que o Rui Tavares nos propõe. Podemos lamentar — como me tem acontecido — que ele, por vezes, pareça hesitar em assumir as consequências plenas dos pontos de partida que toma. Mas o Nuno Serra não se engana — é difícil formular mais luminosamente do que ele o faz, nas seguintes palavras do seu recente e breve ensaio intitulado "Até ao Ponto de Não-retorno", os termos fundamentais da razão democrática, os pressupostos e implicações da autonomia, bem como o sem-fundo com que confrontam e (des)medem a nossa vontade e a nossa responsabilidade:

Salvo catástrofe natural (e mesmo as consequências podem ser minoradas), tudo o que acontece aos humanos é obra de humanos. Tudo aquilo que é mau nas sociedades humanas, e tudo o que se consegue fazer de bom, saiu de nós. De uma maneira ou de outra, aquilo que humanos conseguem fazer, outros humanos conseguem desfazer. (…). Os humanos podem escolher. O que foi feito na Europa nos últimos tempos tem que ser invertido, e depois reformulado. Tudo o que é antidemocrático, absurdo e irrealista pode ser substituído por coisas democráticas, que façam sentido e que sejam sustentáveis. E quem tem que fazer isso somos nós. Porquê? Porque os marcianos não virão cá fazer por nós. Porque os mortos já não podem. Porque os vindouros ainda não podem. Não há mais ninguém: só nós.

2 comentários:

Leitor disse...

O MRPP acaba de chamar de rameira da política a Francisco Louçã. Ora se o Louçã é uma rameira da política o que dizer do seu amigo Rui Tavares.

Não sei, provavelmente não existiria palavra que o classificasse.

Mas quem dá confiança a Ruis Tavares provavelmente tem o que merece. Um anarquista de cátedra no parlamento europeu é pior que a Lili Canecas num museu de cera, não havia necessidade...

Miguel Serras Pereira disse...

LEITOR, o seu comentário não tem, por assim dizer, ponta por onde se lhe pegue, ou, se prefere, não vale a ponta de meio corno.
Os únicos "argumentos" que opõe ao conteúdo do post são uma acusação do MRPP a Francisco Louçã e a invocação de uma amizade que existiria - contra a evidência de factos ainda recentes - entre FL e RT. (A propósito, quem é a Lili Caneças?)
Atentamente

msp