11/05/12

Lição de grego (3)

Apesar de não ser o voto — e menos ainda o voto eleitoral — a única forma de expressão da "vontade popular", o certo é que, quando há votos — ainda que de uma votação eleitoral se trate —, a "vontade popular" se exprime. Devia ser óbvio, e se a batalha política em curso na Grécia no-lo vem lembrar, como se pode ler na notícia do Público.es abaixo citada, isso, sem dúvida, reitera o nosso dever democrático de, por todas as vias e votos ao nosso alcance, não o esquecermos e agirmos em conformidade.

El partido de izquierdas Syriza ha vuelto a dejar claro que no formará parte de una coalición de gobierno en Grecia junto al socialdemócrata Pasok y los conservadores de Nueva Democracia (ND). Con este nuevo rechazo, crece la dificultad de formar un Ejecutivo y se abre por tanto más la puerta a la convocatoria de nuevas elecciones.

 El jefe de Syriza, Alexis Tsipras, no está dispuesto a participar en el compromiso de austeridad pactado por Pasok y ND, los que hasta ahora habían sido los dos principales partidos griegos. "El memorándum con la UE no lo ha rechazado Syriza, sino el pueblo griego", ha declarado Tsipras tras su reunión con el líder del Pasok, Evangelos Venizelos, según recogió el canal de televisión griego NET.

11 comentários:

Anónimo disse...

Há qualquer coisa de fascinante e pré-insurreccional na actual conjuntura política grega.Além da nova esquerda- com sete tendências duas das quais ecologistas...- aglutinada na SyRiza, existe uma ultra-gauche muito activa e desempenada que tem atacado alvos essenciais dos Neo-Nazis e da repressão cibernética ao serviço do Estado.Eleições antecipadas- a meio de Junho- podem conferir maior representatividade à coligação dirigida por Alexis Tsipras, e assim, criar uma nova e empolgante dinâmica política na União Europeia. Forçando a Alemanha- dirigida por uma Merkel a perder todas as eleições regionais há três anos consecutivos por causa do financiamento dos PIGGS-será forçada a discutir um plano de crescimento económico com o BCE e os novos protocolos de regulação económica preconizados por François Hollande? Salut! Niet

Diogo disse...

Esperemos que o Syriza não volte atrás. Seria a primeira vez que na Europa um «centrão» subsidiado pela Grande Finança Internacional sairia derrotado.

Ide levar no déficite ide disse...

Synaspismos nã sabes ler pá
Synaspismos é o fascismo feito falange em marcha
fascismo vermelho ou negro tanto fax

vejo-me grego com estas alarvidades disse...

adesculpa ´pá mas tu pá nem putogoês pá quanto mais grego pá

já que somos espartanos pá e a falange está em marcha pá
ao menos que os germanos que nos perdoem a dívida bárbara pá

cagente somos o berço da civilização maia ou assis

António José de Almeida e Silva (bisneto) disse...

obretudo se encobertos (encobertos pá por um caixote de madeira pá?) pelo anonimato ou equivalente;

em quivalentes químicos vale -2000

Libertário disse...

«Apesar de não ser o voto — e menos ainda o voto eleitoral — a única forma de expressão da "vontade popular", o certo é que, quando há votos — ainda que de uma votação eleitoral se trate —, a "vontade popular" se exprime.» MSP

Os votos podem exprimir uma parte da «vontade popular», mas a rua e a abstenção também exprimem outra parte da «vontade popular...
Eu perguntaria aos nossos analistas gregos, por puro desconhecimento, mas afinal qual foi a percentagem da abstenção e voto em branco? É que no meu caso isso é um dado bem mais interessante que essas análises das manobras e estratégias partidárias, mesmo estando longe dos optimistas que olham para a Grécia como uma conjuntura política pré-insurreccional...

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Libertário,
não me tenho cansado de repetir que o voto que faz a autonomia democrática e a cidadania governante é o que resulta da participação igualitária dos implicados nas decisões e deliberações. Também tenho defendido, como muitos outros, a ideia de que a eleição de representantes é uma arma de dois gumes: se, por um lado, limita nos regimes representativos a arbitrariedade do governo da oligarquia, autoriza os representantes a governarem em vez de nós e a excluírem a grande maioria dos cidadãos comuns da possibilidade de decidirem das questões e forma das instituições que lhes dizem respeito.
Dito isto, parece-me evidente que os resultados das eleições gregas exprimiram uma recusa da troika, etc. Ainda que não bastem, nem de longe, para configurar uma alternativa ao regime oligárquico.

Saudações libertárias

msp

Anónimo disse...

Os impasses da conjuntura política grega têm dois desenlaces possíveis:o bloco SyRiza ganha as eleições e tenta novo acordo de renegociação da dívida que pode implicar a sua eradicação pura e simples- e existem sinais contraditórios no FMI e no BCE nesse sentido; ou a hipótese de um golpe militar deslizante- por causa dos efeitos de telescopagem com o Egipto,a Tunísia e a Síria- ganha consistência por causa do estado insurreccional atingido nas ruas e nos locais de trabalho. Analisando as revoltas operárias polacas e húngaras dos anos 60 do século passado, Castoriadis escreve em homenagem ao Marx puro: " O capitalismo impõe ao proletariado " a miséria, a opressão, a degenerescência " ao mesmo tempo que o " une,o estrutura e disciplina "; os dois aspectos condicionam-se reciprocamente, e são os dois em conjunto que estão no desencadear da Revolução ou da da Barbárie. Esse processo de desenvolvimento Marx nunca o perspectivou como uma ascensão linear. Numa sequência de uma fortíssima capacidade de anticipação histórica, ele descreve como as revoluções proletárias " interrompem a cada momento o seu próprio curso...recuam constantemente diante da imensidão infinita dos seus próprios fins, até que seja criada por fim a situação que torna impossível o retorno ao status quo anterior". Salut! Niet

David da Bernarda disse...

A abstenção é o maior «partido» grego...
Apesar de todos os apelos, de partidos para os diversos gostos,34,91% do eleitorado não exerceu o seu direito de voto!
Sobre este facto, como sempre, poucos falam.

Anónimo disse...

Importante entrevista de Cohn-Bendit ao Le Monde de Hoje. Que confirma a tese de que há hipótese de golpe militar caso o Estado grego saia da Euroland.A não perder os seus abalizados comentários sobre Hollande e as vicissitudes políticas do governo quase-minoritário de Ângela Merkel. Salut!Niet

Miguel Serras Pereira disse...

David da Bernarda,
essa leitura só é válida se supusermos um mínimo de homogeneidade na abstenção. Esta tanto pode traduzir o cepticismo como a revolta, a pura e simples resignação, etc. Historicamente, houve casos em que o apelo à abstenção por parte, por exemplo, de movimentos sindicais se mostrou mais "mensurável" - por contraste em situações proximas em que os mesmos movimentos não reclamavam a abstenção ou, mais ou menos abertamente, insinuavam que o voto poderia ser um mal menor. Não me parece que tenha sido o caso agora.
Por outro lado, não devemos confundir o voto, todo o voto, com aquele que tem lugar para a eleição de representantes e governantes. E nesses casos - uma assembleia de cidadãos comuns que têm de propor e optar a propósito de matérias que afectam as condições colectivas de existência - também a abstenção muda de figura.
Mas é evidente que a enorme percentagem de abstenções na Grécia é relevante. Tão relevante como politicamente ambivalente.

Saudações libertárias

msp