Anda por aí uma vaga de indignação, por este orçamento (com a substituição do quociente familiar por uma dedução) prejudicar as famílias com filhos com rendimentos superiores a 1700 euros (em jornalês, da "classe média").
Bem, também há o reverso da medalha - o orçamento beneficia grande parte das famílias com filhos que ganham menos que 1700 euros (que imagino sejam mais do que as prejudicadas).
Se quiserem dizer que uma política que tira a um conjunto de famílias com filhos para dar a outro conjunto de famílias com filhos é um ataque à classe média-alta, à progressão social, etc, tudo bem (aí já será uma discussão normativa sobre o papel que se acha que deve ter a progressividade do sistema fiscal). Mas criticar esta política dizendo que é contra a natalidade, que prejudica quem tem filhos, etc., já não me parece fazer grande sentido (prejudica algumas pessoas com filhos e beneficia outras pessoas - possivelmente até mais - também com filhos).
Ou seja, se o artigo da Visão que linko ali acima tivesse como título "Ganhar bem, essa loucura orçamental", faria sentido; já o título escolhido ("Ter filhos, essa loucura orçamental") parece-me manipulação sentimentalista que não corresponde à realidade.
Sobre este assunto: O "coeficiente familiar" no IRS
07/02/16
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1 comentários:
Ola Miguel
O artigo começa por falar nas "familias da classe média com mais rendimentos" (assim mesmo !) e depois segue, de calinada em calinada, até ao bouquet final das queixas sobre o preço da fraldas e do "não é que eu me queixe".
Como é que um artigo tão completamente indigente aparece publicado na visão, ou alias em qualquer jornal, é um mistério que prefiro deixar por esclarecer...
Um abraço
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