Parece-me que neste assunto, todos os lados se estão a esquecer da diferença entre discordar de uma coisa e proibir isso. Os defensores da proibição dizem coisas como "é um sinal de submissão das mulheres ou de proselitismo religioso, logo deve ser proibido"; alguns críticos contra-argumentam que é uma tradição cultural, que até há pouco tempo muitas mulheres em Portugal vestiam roupas muito parecidas, etc. e que portanto deve ser legal. Pouca gente parece concordar com a minha posição - que o burkini está realmente associado a uma ideologia opressiva de submissão feminina (a filosofia subjacente é de que a mulher só se deve mostrar ao marido), mas que quem o quiser usar deve poder usá-lo, desde que não prejudique terceiros (tal como acho que consumir heroína é uma péssima opção de vida, mas que quem o quiser deve ter esse direito).
Quanto ao argumento usado pelas cidades francesas que o proibiram, que ia contra o laicismo, não me parece fazer grande sentido - laicismo é o Estado ser laico, não cidadãos privados terem que ser "laicos" em público (mesmo anteontem vi crianças sikhs na Praia da Rocha, tomando banho com aquele barretinho que usam sempre - também irá contra o laicismo?).
23/08/16
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1 comentários:
Obvio, caro Miguel, obvio.
A liberdade de o por é indiscernivel da liberdade de o tirar e é impossivel defender uma sem defender a outra. E' tão simples como isso...
Felizmente o Conselho de Estado parece ter reintroduzido um pouco de bom senso nesta questão. Mas ver o Valls precipitar-se a pés juntos na asneira não deixa de ser confrangedor. Porque é que esta malta não se candidata antes às primarias da direita ?
Abraço
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