Teria Berlioz ofendido – dele escarnecendo – o sentimento religioso dos fiéis nesta passagem da Danação de Fausto? Não se pode dizer que seja um “amen” muito edificante, o cantado pelos convivas desta taberna de Leipzig.
A questão é, em última instância, fútil, bem sei... Magistral, por outro lado, é o modo como, independentemente da encenação (de resto, são habituais versões de concerto desta obra), a própria música se vê impregnada de ironia: uma caricatura em estilo fugado em que, sempre com minúcia, Berlioz exagera os contornos do contraponto tradicional. Um autêntico chinfrim...
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Eu sei, eu sei, as querelas de teor religioso já não estão na “ordem do dia” – já lá iremos –, mas estava a ler o post ali em baixo do Miguel Serras Pereira, e lembrei-me desta heresia musical... Os menos intempestivos que me perdoem.
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