16/05/10

A Sanidade, Uma Doença Infantil do Centrismo

A propósito de Saldanha Sanches, João Pinto e Castro escreve um post de amigo e que vale a penar ler. A meio do post, entretanto, diz o seguinte: "Os anos da revolução convenceram-no – a ele como a muitos outros – que o maoísmo não era uma cura, antes uma mutação da mesma doença. Estabilizada a democracia liberal, não tardou a descobrir outras formas de servir o seu país." Eu não sei, mas parece-me que o recurso a esta linguagem de higienização, se alguma coisa mostra, é que, tocando-se os extremos, não será apenas pelas costas, como julga o próprio João Pinto e Castro, mas também pelo centro que relaciona esses extremos e em que ele, João Pinto e Castro, se coloca com toda a naturalidade deste mundo, assumindo a pose do homem politicamente são. Igualmente revelador desta vertigem higienziadora do centro liberal é o elemento a que João Pinto e Castro recorre para, enfim, conseguir estabelecer uma continuidade sobre a radical desconinuidade que afirma existir entre a doença ideológica do Saldanha Sanches revolucionário e a sanidade liberal do Saldanha Sanches democrático: trata-se de "servir o país". É, aliás, este esvaziamento da ideologia em nome da estabilidade e do sagrado princípio da nação que, alicerçado à crença de que o liberalismo é imune ao autoritarismo, torna este centrismo tão perigoso: ele poderá fazer e dizer o que quiser que haverá uma espécie de certificado da sua natureza sã a preservá-lo de se tornar extremista e ditatorial. Como se o fascismo fosse qualquer coisa de a-histórico.

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