11/05/10

Venceremos, venceremos, com as armas que temos nas mãos. Requiem por Javier Zanetti.

Coisas que me desconcertam um pouco. Fulanos que escrevem em blogues e que não perdem mais do que dois segundos da sua vida a ver futebol e que nem por isso se escusam a "cagar de alto" sobre os seleccionados de Portugal para o mundial. Eu, por exemplo, gasto muito tempo a ver futebol, outro tanto a ler jornais desportivos, outro tanto a ler coisas sobre História do Futebol. E mesmo assim não tenho nada de muito categórico a dizer sobre as escolhas de Queirós. Eu por acaso gostaria de saber se quem fala levianamente das escolhas de Queirós fala também assim das coisas do seu métier.

Dito isto, devo dizer que não tenho particular simpatia pela selecção portuguesa. Gosto muito de ver jogar alguns dos seus jogadores, tenho admiração cultural por Cristiano Ronaldo (digo-o sem ponta de ironia) mas nunca vi nada de muito interessante em termos de qualidade de jogo no que se refere à selecção portuguesa. Talvez a selecção de 2000 tenha sido uma pequena excepção ou, em parte, a selecção de 1996, 2004 e 2006. Mas tudo em partezinhas. Nada de deixar saudades, como a Holanda de 1988, a Alemanha de 1990, a Rússia e a Espanha de há dois anos, a República Checa de 2004 ou a Holanda de 1998. Mas não é porque eu não simpatizo com o jogo da selecção portuguesa, nem particularmente com Queirós, que deixo de dizer o seguinte: os convocados são uma escolha mais do que aceitável e razoável. Talvez o Freitas Lobo, se passar assim tanto tempo a ver futebol como diz que passa, esteja em condições de fazer uma crítica decente à coisa. Mas não mais do que isso. Seguramente que não serão os jornalistas desportivos que temos ou os coemtnadores desportivos do Arrastão.

Em relação aos guarda-redes, é bom referir que, desde Baía e desde o Ricardo pré-2004, a mediania é a regra e qualquer escolha é aceitável. Sendo Eduardo o titular, e encontrando-se Patríco e Quim em posição fragilizada, Beto sempre tem a vantagem de estar a passar por um saudável excesso de confiança (e se há posição onde a conversa da confiança não é totalmente da treta é a de guarda-redes, sobretudo num país em que a malta é baixinha de altura e a questão mais importante em termos de confiança de guarda-redes tem que ver com a saída às bolas altas). Quanto a Daniel Fernandes, só o vi jogar duas ou três vezes, uma vez que os jogos do Bochum raramente passaram na Sportv e o campeonato grego nem na net se apanha. Em relação ao mito dos seis centrais, só a ligeireza é que permite indignação a esse respeito: está mais que visto que o caso de Pepe é incerto e que Queirós tem o trauma de ter uma equipa baixa (trauma acentuado pela derrota do Portugal de Scolari face à Alemanha em 2008 e pelos jogos da qualificação contra equipas nórdicas) e que por isso tende a optar por ter um trinco de porte (Pepe, preferencialmente, Zé Castro em alternativa). Quanto muito, mas não tenho acompanhado Castro, poderia ser perguntado: e o Meira? Com todos os problemas (idade, lesões) é muito possível que continue a ser uma boa opção para central e mesmo para trinco "a la Pepe" (mesmo se Pepe é tão bom que até a 10 parece poder jogar, tal como sucede com o David Luiz). Aliás, entre Meira, Ricardo Costa, Rolando e mesmo Bruno Alves, a diferença não é assim tão significativa. Outro caso que poderia ser discutido é o de Carriço, embora aqui o trauma (não vou discutir a pertinência e efectividade do mesmo) da altura talvez tenha voltado a fazer das suas. Outra opção questionável é a de Duda, na medida em que Miguel Veloso poderá ser o melhor substituto para Coentrão. Mas, mais uma vez, é um jogador que pode ser bastante útil. Carlos Martins e Moutinho ficam de fora e isso é um escândalo? Bom, mas quem é que deixaria de ir? A questão da alternativa a Deco é uma falsa questão, porque a ausência de Deco implicará sempre uma mudança táctica e não apena de jogador por jogador. É aliás possível que Queirós esteja a pensar num 4-4-2, como o que utilizou num dos últimos jogos da qualificação, com Deco atrás de Ronaldo e Liedson e secundado por Tiago e Meireles, entre o meio e as laterais, com Pepe a pivot. O que fazer a Nani e a Simão, neste quadro, não é claro. Mas neste quadro, no caso de ausência de Deco, tanto Nani (que, convém recordar, no Sporting em diamante de Bento jogava muitas vezes sem ser a extremo) como Simão ou Danny (tem jogado nessa posição no Zenit, por vezes) podem fazer o lugar de Deco. Na frente, tudo óbvio. Eu, é claro, ponderaria levar Manuel Fernandes, que me parece um jogador que, no quadro de um mundial, poderia dar um salto do tamanho do mundo, para o nível que sempre prometeu. Bom, mas chega de falar da selecção dos outros. Aguardo a convocatória de Maradona. E aqui armo-me eu em esperto. Se Maradona compreender que Zanetti tem que ser convocado e tem que ser titular, então a coisa pode acabar em título. Andujar-Zanetti-Michelis-Samuel-Heintze(Gutierrez)-Mascherano-Lucho(mas-vamos-ter-o-Véron-e-o-Lucho-nem-nos-23)-Cambiasso(Di Maria)-Messi-Tevez-Higuain(Milito).

adenda: Cambiasso e Zanetti fora do mundial. O primeiro, tudo bem, pronto; o segundo, isso sim, é incompreensível. O Otamendi, por exemplo, não é melhor do que o Ricardo Costa. Não muito.

1 comentários:

brunopeixe disse...

Nao sei o que é que entendes como o métier deles, mas se for a politica, então a resposta é sim: eles falam tão levianamente como falam do futebol.