30/05/11

Declaração de Voto (nova edição)

Todos sabemos que um voto no PS será útil ao PS, um voto no BE será útil ao BE, um voto no PCP será útil ao PCP. Independentemente das posições de cada qual, procurar um critério que permita aferir objectivamente o que é um “voto útil” é tarefa reservada apenas e só a entidades maiúsculas, como a História, Portugal, Verdade, Deus, Progresso, Atraso, Avanço. Nenhuma destas entidades se fez ventríloquo do PS. A concepção de poder alimentada pelo argumento do “voto útil” pode permitir angariar mais uns votos em prol de Sócrates, mas a “lapalissada” mantém-se válida: os meios não justificam os fins. Construir uma escala de valores destinada a pontuar a utilidade da escolha de cada eleitor, na qual o voto em Sócrates ou em Passos Coelho será o mais útil porque só estes poderão exercer o cargo de primeiro-ministro (o que nem sequer é verdade: podemos desde logo ter um primeiro-ministro que seja uma síntese PS-PSD), reduz as eleições parlamentares ao simples apuramento de um chefe e esta redução configura um problema que não me parece menor. Como nos mostra metade do século XX português, para haver estabilidade governativa não é preciso haver democracia. A democracia é somente indispensável à pluralidade da representação política. Muito pior do que os tiques autoritários de um ou de outro primeiro-ministro, é o culto da figura do primeiro-ministro, seja ele qual for. Este culto anima uma concepção meramente governativa da vida democrática e depende de uma acepção monárquica do próprio poder executivo. Dia 5 de Junho vou votar no BE.

3 comentários:

Anónimo disse...

Mas afinal o Zé Neves não desejava votar no BE e no PCP?
Bastará usar a caneta e fazer duas cruzinhas uma no BE e outra no PCP, dessa forma deverá ser apurado pelo menos meio voto útil para cada um desses partidos «verdadeiramente de esquerda»...

Miguel Serras Pereira disse...

Por mistérios que me escapam, acontece que, no blogue o teu post, camarada Zé Neves, aparece como tendo sido publicado antes do meu, quando a verdade é que o meu "saiu" antes. Pouco importa, mas, se o tivesse podido ler antes de escrever a minha própria "declaração de voto", não teria deixado de o referir. Assim, olha, venho aqui dizer-te que não é só na conclusão - voto no BE - que o subscrevo. Excelente malha, pá.

Abraço para ti

miguel (sp)

António Fonseca disse...

Então Zé? A votar no partido q apoiou o Alegre, que apoiou a nacionalização desastrosa do BPN, que apoiou a presença militar da NATO na líbia, que apoiou a intervenção externa do FMI na Grécia? enfim...