Se nenhum partido nos representa - como indicava uma das divisas desfraldadas pelos activistas das Puertas del Sol em Madrid -, que conclusões tiraremos nós disso, tendo presente o acto eleitoral que se avizinha? Longe de pretender mais do que despertar o tipo de reflexão interior à acção que a vontade de democracia requer como condição de exercício, aqui ficam — acrescentando-se às que o nosso fulgurante João Tunes há pouco adiantou — algumas sugestões em vista do "já" de cada dia
Não, por certo, que o voto é inútil ou antidemocrático, mas que, pelo contrário, insuficientes são as ocasiões em que podemos e devemos deliberar em visto de o fazer participando nas decisões sobre os problemas e iniciativas que nos dizem respeito.
Não, por certo, a proibição dos partidos ou formas de expressão organizadas por grupos de cidadãos interessados em dar a conhecer as suas opiniões e propostas aos demais, mas, sem dúvida, a transformação radical das formas de organização existentes ou a criação de novas formas de associação política que nos permitam operar a substituição do voto em partidos comandados por políticos profissionais pela eleição de delegados, com partido ou sem ele, que mandatemos - possamos regularmente revogar segundo procedimentos simples e claramente definidos - e sejam responsáveis perante os eleitores e não partidos representativos no exercício das tarefas comuns cujo desempenho o exija. Ou seja, a substituição do voto que esgota e exclui até à convocação de novas eleições gerais a participação governante pelo voto que reforça e traduz essa participação permanente, que é uma das condições da cidadania.
Não, por certo - na ordem de ideias implícita nos considerandos anteriores -, a limitação da exigência de efectiva "democracia já" à cena política dominante e à divisão do trabalho político que a alimenta, mas a extensão imediata da democratização à esfera económica e laboral, bem como aos mecanismos de determinação das remunerações e repartição dos rendimentos.
Não, por certo, "só" estes processos, entre outros que se perspectivam na via da democratização instituinte que hoje se inscreve na ordem do dia, mas o mais que, de caminho, vá sendo necessário que criemos para não guardarmos para amanhã o "já" da democracia em acto que é condição da luta pela democracia.
18/05/11
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4 comentários:
Muito bem. Subscrevo.
que ilações a tirar....
ok
1ª estamos numa encruzilhada social e política em que ninguém tem fé no regime
assi a modos como a respublica de weimar
por vezes surgem movimentos de cidadãos que libertam estas massas oprimidas e com falta de representação
gazeta do Haiti 7º ano da libertação
13 de agosto
a população estava embriagada pelo entusiasmo que o aniversário de sua alteza, a consorte do presidente habitualmente inspira
Moral da estóira -às vezes procurar outros que representem melhor dá maus resultados
mais vale gatune que m'esgane
que ladrã ke massassine
Lida a prosa fica-me uma dúvida: porque é que o autor do post e todos quantos expressam total concordância com o mesmo, aqui e noutros locais, não metem as mãos na massa e constroem essas "novas formas de organização política", dando consistência ao projecto que enunciam?
não metem as mãos na massa e constroem essas "novas formas de organização política", dando consistência ao projecto que enunciam?
simples
uma nova religião não surge na ausência de crentes
não basta haver líderes ou pseudo-líderes
para os acólitos marcharem para os
daqui a bocadinhos que cantam quando gritam
o eleitorado é muito conservador
prefere a estabilidade do vazio no poder
a novas modas desconhecidas
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