17/05/11

Subsídios

Existe uma diferença muito significativa entre dizer "acabem com os subsídios, ponham esses malandros a trabalhar"; e dizer "não queremos subsídios, queremos emprego". Existem, porém, pontos em comum que são preocupantes. Por exemplo, a ideia de que é mais digno ganhar dinheiro trabalhando do que sendo subsidiado. É uma ideia errada. Entre outras coisas porque pressupõe uma diferença de natureza entre a condição de empregado e a condição de desempregado. Ora, o subsídio de desemprego é um direito de todo o empregado. São os descontos deste que fazem aquele. O subsídio de desemprego não é uma esmola concedida pelo Pai-Estado.

9 comentários:

Anónimo disse...

Mas o RSI é um subsídio concedido pelo Pai-Estado.

Miguel Serras Pereira disse...

Indómito Camarada Zé Neves,

perfeitamente de acordo com o que dizes e não creio que pudesses fazê-lo em momento mais certo.

Só poderíamos ainda acrescentar que a reivindicação de "postos de trabalho", "criação de emprego", etc., formulada em termos tão idílicos, suspende a vontade democrática de transformação (da natureza e das condições) do trabalho e dos princípios que presidem à hierarquia das remunerações e rendimentos no quadro da economia política governante.

Abraço grande

miguel (sp)

Carlos Vidal disse...

Uma piadola este post de um engraçadinho.
É apenas um trocadilho, nada de fundo tipo Anselm Jappe (ou mesmo Debord) sobre e contra a "superioridade" do trabalho.
O subsídio não está em causa - tive muitos projectos meus subsidiados, como sr. ZNeves aliás, suponho.
Mas, aqui o sr. desvia o assunto, e não é capaz de fazer uma análise crítica do trabalho. Apenas indirectamente atacar uma acção pública de quem tem o direito de não querer ser precário nem desempregado. Como se querer emprego (Debord nunca o quis, fez muito bem, eu também não gosto de trabalhar), como se querer tal coisa fosse "indesejável", "incongruente", "conservador", etc.
Superficial, como sempre.
Uma gracinha.
Divirtam-se.
CV

Zé Neves disse...

vidal, deixaste os pontos de exclamação em casa. a caminhar assim ainda acabas no ps.

Carlos Vidal disse...

Boa resposta.
O "estágio" na Fundação EDP faz-te bem.
Mexia e dos Santos são dois faróis de inteligência.
Nota-se!!

(Além disso, os meus pontos de exclamação devem-se a questões de trabalho e estudo: estudo quem os usa sistematicamente e vejo-lhes sentido.)

Miguel Serras Pereira disse...

Enganas-te, por uma vez, camarada Zé Neves. A adesão ao PS seria uma colossal viragem à esquerda no caso do CV.
Mas estás desculpado, pois só prova que tens dedicado o teu empo a melhor coisa do que a leitura dos seus posts cada vez mais apostados no culto fascista do violentismo e na aclamação do uso indiscrinado de meios violentos como grande fim ou razão de ser (da (destruição) da política.
Deixa-o lá bolsar as suas infâmias do costume, só se enterra a si próprio e aos seus fãs.

Abraço solidário

miguel (sp)

Zé Neves disse...

carlos, deixa lá isso da exposição do museu da electricidade. para a próxima digo ao mexia para te convidar para escreveres um texto ou fazer uns bonecos. ele desta vez preferiu convidar o barata-moura para escrever uns textos e optou por expor uns quadros do cunhal, mas para a próxima pode ser que prefira a tua exclamativa prosa e os teus não menos interpelantes bonecos. vai treinando.

Carlos Vidal disse...

Zé, grande Zé, vê-se que não frequentas a coisa das artes belas.
Dez anos depois, voltei à crítica semanal das artes belas na "Sábado" (de direita?, ainda bem). Recomecei com um texto sobre uma exposição na EDP, notável, do Paulo Catrica (sim, eu sei que não sabes o que é, mas "catrica" não é uma variante de "bitoques"). Antecedida por uma ainda muito melhor: a do Augusto Alves da Silva (um amigo, que já prefaciei). Nada contra a Fundação EDP - mas tudo contra o teu péssimo projecto. Não preciso muito da EDP - Serralves compra-me coisas (algumas estão por lá, e estão muito bem: cresce e aparece.)

Zé Neves disse...

carlos, não costumo ler a Sábado, mas se postares no blogue as tuas crónicas terei todo o prazer em frequentar a coisa, como dizes.

mas olha, já agora, quanto a esse catrica, deixa-me que te diga que se seguisses com atenção o percurso dos artistas de que te ocupas terias reparado que tal nome não me é estranho...

mas continua a atirar que é preciso muito treino para ser intempestivo