29/09/10

Convenhamos que este post é um pouco repugnante

«Têm a certeza que há desemprego? Seiscentas mil pessoas nessa situação? Cerca de 11% da população activa? Verdade? É que vi há pouco na tv uma manif de trabalhadores dos hipermercados a protestar pela possibilidade de vir a trabalhar aos domingos à tarde.»
Não sei o que passa pela cabeça do Eduardo Pitta quando ele coloca o chapéu de acólito do governo. Mas postular que um trabalhador agora deve aceitar tudo, mas tudo, o que lhe quiserem impor... já me parece de mais. Não tarda, temos aí o regresso da escravatura sob a desculpa do "com o desemprego que aí anda, até não estão mal. Sempre têm tecto e comida."

5 comentários:

Anónimo disse...

Os liberais que advogam o fim do nanny state defendem que só existe desemprego porque existe um Estado que sustém os desempregados e, ao colocar patamares de salário mínimo, cria desemprego. O que é tudo verdade, convenhamos. Olhando para Cuba, em que as finanças do Estado obrigam ao fim do nanny state, as pessoas irão ter que fazer pela vida.

A alternativa, para os liberais, é aceitar que as pessoas passem a trabalhar mais, a ser menos bem pagas e mudem para os ramos onde o emprego vai florescendo. E pior: se a competição mundial forçar a que se trabalhe ainda mais, assim seja, ou os mercados alocam o capital onde ele render mais. Eu pergunto-me é quantas pessoas iriam estudar História, Artes e outras coisas que não têm necessariamente correspondência monetária no mercado. E quantas horas por dia iria trabalhar a parte mais pobre da população, etc.

Anónimo disse...

E mais, convenhamos que os verdadeiros liberais não devem reconhecer qualquer direito de greve. Existe emprego no mercado, quem quer tem, quem não quer procura outro. O McDonald's e o Starbucks (que se reclama do comércio justo) não admitem sindicalizados.
A outra face da moeda encontra-se ao analisar os países civilizados e compreendendo os benefícios que o envolvimento dos trabalhadores na gestão das empresas lhes trouxe, ao invés da road to serfdom que se previa.

Niet disse...

Eduardo Pitta podia ser, sem nuance nem independência, o equivalente luso de um Ângelo Rinaldi ou de um Dominique Fernandez,esses cavaleiros andantes de Saint-Germain des Prés, que fizeram da libertagem modo de vida e de subida...Sim, que para o tentar igualizar a Gaspar Simões ou a Júlio Dantas, ele, E.Pitta,é bem mais moderno,hipócrita e oportunista.A suprema " colagem " a Sócrates é um "must" polissémico, convenhamos. Niet

Ana Cristina Leonardo disse...

também li e também achei uma perspectiva interessante

Niet disse...

Errata: É libertinagem, e não a palavra fracturada escrita à pressão. E para revelar o significado que quero dar a esta proposição, cito um texto inédito de G. Bataille de 1957: " A moral é, de facto, o mais forte apoio do erotismo. Reciprocamente, o erotismo apela à intransigência da moral. Mas não podemos imaginar a tranquilidade. A moral é necessariamente o combate contra o erotismo e o erotismo,de facto, não tem lugar senão na insegurança de um combate.(...)Talvez, de acordo com esta perspectiva, possamos encarar finalmente, acima da moral comum, a existência de uma moral movimentada onde nada seria dado por adquirido ". Niet