17/06/13

As manifestações anti-propinas



Quando tinha 18 anos ia a muitas manifestações. Pessoas próximas de mim chegaram mesmo a rotular-me de «profissional das manifestações». De facto, não tenho especial orgulho em ter participado nalgumas delas. As manifestações contra as touradas, independentemente de continuar a ser contra elas, eram uma patetice pegada: a justa preocupação com a saúde e bem-estar do touro fazia-se acompanhar por um sentimento elitista e nacionalista especialmente cretino. As manifestações contra as propinas, contudo, não foram nada patetas. Durante os largos anos em que frequentei a universidade foram muitas as vezes em que discuti a questão com familiares e colegas. Eles defendiam que o valor de 70 contos (o equivalente a 350 euros) não era nada. Eu respondia que o problema não era tanto a quantia mas mais o princípio. Noutras palavras, os 70 contos de hoje poderiam ser os 1000 euros de amanhã, transformando assim a universidade numa espécie de enclave de classe. Eles retribuíam com o argumento da universidade ser frequentada por uma classe média que gastava o seu dinheiro em festas e bebedeiras. E eu retribuía com o argumento da reprodução social, sendo conveniente não incentivar o processo ainda mais . Hoje, o Público noticia que “mais de 40% dos estudantes que vão fazer as provas nacionais do secundário a partir da próxima semana não vão prosseguir os estudos para o ensino superior, ou seja, uma quebra de mais de 9000 estudantes com intenção de fazer uma licenciatura na altura da inscrição nos exames. É uma situação sem precedentes, que os especialistas relacionam com a crise e as dificuldades das famílias em manter os filhos nas universidades e institutos politécnicos”. A todas as pessoas com quem discuti esta questão: eu estava certo, estúpidos!  

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