Quando tinha 18 anos ia a muitas
manifestações. Pessoas próximas de mim chegaram mesmo a rotular-me de «profissional das manifestações». De facto, não tenho especial
orgulho em ter participado nalgumas delas. As manifestações contra as touradas,
independentemente de continuar a ser contra elas, eram uma patetice pegada: a
justa preocupação com a saúde e bem-estar do touro fazia-se acompanhar por um
sentimento elitista e nacionalista especialmente cretino. As manifestações
contra as propinas, contudo, não foram nada patetas. Durante os largos anos em
que frequentei a universidade foram muitas as vezes em que discuti a questão com
familiares e colegas. Eles defendiam que o valor
de 70 contos (o equivalente a 350 euros) não era nada. Eu respondia que o
problema não era tanto a quantia mas mais o princípio. Noutras palavras, os 70
contos de hoje poderiam ser os 1000 euros de amanhã, transformando assim a
universidade numa espécie de enclave de classe. Eles retribuíam com o argumento
da universidade ser frequentada por uma classe média que gastava o seu dinheiro
em festas e bebedeiras. E eu retribuía com o argumento da reprodução social, sendo
conveniente não incentivar o processo ainda mais . Hoje, o Público noticia que “mais
de 40% dos estudantes que vão fazer as provas nacionais do secundário a partir
da próxima semana não vão prosseguir os estudos para o ensino superior, ou
seja, uma quebra de mais de 9000 estudantes com intenção de fazer uma
licenciatura na altura da inscrição nos exames. É uma situação sem precedentes,
que os especialistas relacionam com a crise e as dificuldades das famílias em
manter os filhos nas universidades e institutos politécnicos”. A todas as
pessoas com quem discuti esta questão: eu estava certo, estúpidos!
17/06/13
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