01/06/13

Regra empírica

Quando, numa assembleia popular após uma manifestação, um dos participantes começa a sua intervenção dizendo que há um conflito entre o capital financeiro e o resto da economia, há uma elevada probabilidade de o resto do discurso ser absolutamente delirante (cheio de erros ou invenções factuais) e/ou desconexo (com o autor a saltar de tema para tema sem se perceber o que quer dizer).

Pontos de bónus se o discurso envolver referências a datas precisas em que terão sido tomadas decisões políticas que "mudaram tudo", estilo "desde o ano XXXX - ou desde o dia DD de MMM de XXXX -, quando o governo de .... decidiu .... que a economia produtiva tem estado subordinada à banca".

1 comentários:

João Valente Aguiar disse...

Miguel,

sobre esse assunto da falsa oposição entre o sector financeiro e o resto da economia escrevi há quase um ano o seguinte artigo: http://passapalavra.info/2012/08/62764

Tomo a liberdade de lembrar um breve excerto sobre esse problema e da sua génese ligada ao fascismo.

«quem mais fartamente utilizou a tese de que existiria um antagonismo entre a comunidade nacional produtiva (de trabalhadores e de empresários) e a banca “parasitária” e especulativa foi o fascismo. O que me interessa (e me preocupa) é a facilidade com que não se reflecte sobre as implicações e os caminhos travessos que determinadas posições políticas acarretam. Mais preocupante ainda porque são: 1) formuladas de modo inconsciente [2] e sem se sustentarem na realidade concreta; 2) adoptadas acriticamente e sem qualquer tentativa de reflexão sobre a sua génese e difusão no passado; 3) transversais à maioria dos agrupamentos e activistas da esquerda que vagamente se pode classificar como antineoliberal.»

Abraço