A sinistra ditadura clerical de Teerão parece começar a abrir brechas que poderão multiplicar-se e levar rapidamente a uma situação irreversível, criando condições favoráveis à acção das forças de oposição. Tanto mais que, como se vê pela notícia citada a seguir, as brechas no bloco governamental, além de o dividirem e enfraquecerem, expõem à vista de todos o obscurantismo grotesco da barbárie oligárquico-confessional governante. Em suma, boas notícias para a "revolta árabe" e mediterrânica, na medida em que, entre outros aspectos, o enfraquecimento da oligarquia eclesiástica de Estado de Teerão deixará o regime sírio mais isolado perante a contestação popular.
A luta de poder entre o Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o Supremo Líder, ayatollah Ali Khamenei, parece estar a atingir o apogeu com prisões e acusações de bruxaria, slogans nas orações nas mesquitas e um ultimato.
O motivo imediato do estranhamente público desentendimento entre as duas principais figuras da República Islâmica é o cargo do ministro da Informação e Espionagem, Heydar Moslehi, que foi afastado por Ahmadinejad e recolocado no cargo por Khamenei.
Ahmadinejad ficou então 11 dias sem presidir a reuniões do Governo num aparente protesto, e nas reuniões a que assistiu, o ministro não esteve presente. Agora, segundo relatos de Teerão, o Supremo Líder terá feito um ultimato: ou Ahmadinejad aceita o ministro, ou terá de se demitir.
Embora a composição do Governo seja competência do Presidente, o Supremo Líder é quem tem a última palavra na gestão da República Islâmica. E Khamenei tem vindo nos últimos dias, aparentemente, a mostrar este poder. Primeiro, com a detenção de vários aliados do chefe de gabinete de Ahmadinejad, Esfandiar Rahim Mashaei, acusados de serem “mágicos” e de terem invocado “espíritos”, segundo o diário britânico "The Guardian". Depois, nas orações de sexta-feira, as mais importantes da semana, muitos líderes religiosos sublinharam a importância do Supremo Líder e multidões responderam com cânticos: “Morte aos opositores do Supremo Líder”, descreve o "New York Times".
08/05/11
Boas notícias para a "revolta árabe" e mediterrânica e para a oposição iraniana
por
Miguel Serras Pereira
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4 comentários:
Ola, MS Pereira: A luta pelo poder no interior da mollocracia iraniana- os principais líderes da Oposição neutralizados- tem por pano de fundo uma desenfreada " cruzada " anti-xiita coordenada pelos homens-de-mão de AhmadineNejadh. A que se juntaram os generais dos " Guardas Revolucionários " e as proverbiais tensões despóticas entre os Ayatollas Khamenei e Yazdi, com hard-liners pelo meio. De qualquer das formas, notam-se grandes brechas no bloco oligarquico-transcendental no poder...Niet
bolas com os massacres étnico religiosos que renascem no magreb libertado das tiranias repressivas
com os novos PREC's que se transformam em revoluções permanentes ou em pilhagens permanentes até ao próximo ditador
pensar que terá transposição para uma manta de retalhos com 60 milhões de almas
é esquecer o papel estabilizador do exército vermelho durante 3/4 de século
ou dos guardas da revolução tanto faz
na Tunísia as pilhagens e os choques com a polícia e com o governo
andam a bom prazo
no egipto acontece o mesmo que no Iraque após a "libertação"
surgem os inimigos internos
no Iraque eram só 700mil
aqui são quase 10% de egípcios
são bodes expiatóros e fontes de diversões futuras
e a crise agrícola a agudizar-se na escassez de pitroil barato
não pressagia nada bom
a irrigação também necessita de energia
e a eléctrica tem ido para o turismo
nã sei se tá a ver o quadro
provavelmente no....
Mais alguns dados sobre a derrapante conjuntura política no Irão e na Síria," teatros" de operações complexos e sobrepostos que podem vir a ser complementares e a inter-reagirem- mais cedo do que muitos podem julgar. O PR AhmdNejadhi parece que constituiu uma " terceira via " no interior da mollocracia iraniana e o ministro do Interior- que foi reempossado por imperativo do Ayotolah Khamenei-tem laços familiares com o PR, que sonha com um terceiro mandato, e não pode evitar ou silenciar quem denunciou fenómenos de corrupção e clientelismo gigantescos. O diferendo religioso camuflado no interior do aparelho de Estado pode ser interpretado como uma " operação " arriscada para favorecer o clero e os militantes de obediência sunita, que protegem e " favorecerem " o clan no poder em Damasco. Niet
A situação na Síria- que disfruta de um mutismo muito embaraçoso da parte dos governos EUA e França -conta não só com novos blindados fornecidos por Moscovo, como com uma legião de 5 mil eng°s informáticos que controlam toda a Net e o espectro alargado das telecomunicações de forma quase total, o que cortou todas as veleidades de comunicação paralela entre os focos de revolta. Niet
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