09/05/11

Da (in)viabilidade da união política e de uma constituição europeia

Roubo ao "ladrão" Jorge Bateira esta pedalada que ele "roubou" a Wolfgang Münchau:

As elites políticas europeias têm medo de dizer a verdade que os historiadores da economia sempre souberam: que uma união monetária sem união política é simplesmente inviável. Isto não é uma crise da dívida. Isto é uma crise política. A zona euro estará em breve confrontada com a escolha entre um inimaginável passo em frente para a união política ou um igualmente inimaginável passo atrás.

Só falta precisar que outra razão ainda, e decisiva, para ousarmos reclamar o "inimaginável passo em frente" é que esta deveria abrir caminho a um processo deliberativo seguido de um referendo em cada país que transformaria constitucionalmente em regiões ex-nacionais cada um dos actuais Estados-nação da UE, ao mesmo tempo que traduziria um aumento imediato dos direitos políticos dos cidadãos e do seu alcance.

2 comentários:

joão viegas disse...

Muito, muito bem dito.

O problema esta precisamente ai. A Europa passou a funcionar como uma maquina de negação de direitos politicos. Ganhou a Europa do capital e da direita.

O desafio maior, hoje, para a esquerda, é reconquistar os direitos politicos que foram prometidos, e em seguida negados a nivel europeu. Nada de ilusões, esses direitos têm necessariamente uma dimensão europeia. Não podemos vacilar nesse ponto, até porque somos de esquerda e acreditamos que as decisões politicas devem ser tomadas ao nivel em que se tomam as decisões economicas, e esse é, hoje, o nivel europeu.

Houve erros, temos que saber reconhecê-lo.

Mas a esquerda tem de se construir a nivel europeu. E' a unica saida. Devemos conquistar o poder de decisão a nivel europeu.

So o perdemos por falta de organização, por falta de clarividência. Por falta de fidelidade aos nossos principios.

Por falta de esquerda !

Temos de saber reconquista-lo. Isto não vai cair do céu, meus amigos.

E não me venham com ares de quem esta a ouvir falar grego. Bolas, como se fosse a primeira vez que as fronteiras são utilizadas para dividir as forças de esquerda. Como se não tivéssemos ja visto este filme...

Europeus, "encore un effort si vous voulez être républicains".

Organização da esquerda a nivel europeu. No outros dia, apareceu a Left. Outras iniciativas ha com certeza. Sindicais, entre os partidos politicos. Sei la. Todas serão criticaveis no detalhe. Mas a direcção é esta. So pode ser esta.

Miguel Serras Pereira disse...

Nem mais, caro João.

A oligarquia jogou a cartada europeia, integrou as suas políticas, e tem vindo a obter vitórias antidemocráticas cujo preço todos estamos a pagar. Os movimentos e elementos democráticos não puderam ou não souberam bater-se e federar-se ao nível europeu e, por isso, têm vindo a ser derrotados. A coisa mete-se pelos olhos dentro - e o mesmo se diga do reaccionarismo entranhado e sectário daqueles que, por aqui, se dizem muito de esquerda - "revolucionários", no mínimo… - e cultivam o antieuropeísmo mais primário como superstição e ritual de identificação tribais.

Abraço

msp