Reparaste por certo que o meu ínfimo texto não tomava como alvo apenas o PCP, mas igualmente o Bloco. E claro que notaste que não tens razão na forma como defendes o teu camarada de blogue. Quem nos avisa dos "perigos que existem se a luta for travada de determinadas formas" (adoro este "determinadas", que posterga uma tipificação mais precisa, quiçá para depois de uma qualquer reunião de cúpula) faz um auto-retrato esclarecedor. Depois, o édito que determina que "nenhuma acção deve ser alicerçada desprezando as organizações dos trabalhadores, sejam sindicatos ou partidos" é transparente: manifestantes com a mania da independência "desprezam" os partidos por não lhes pedir nem autorização nem inspiração. E estarão assim a contribuir para "que lá fiquem os mesmos de sempre". O Bruno nem repara que este mecanismo serviria precisamente para congelar o xadrez partidário, reservando-o... aos "mesmos de sempre" – assim, excepto por cisão, como poderão crescer do terreno novas organizações ou novas formas de organização?
Dizes que "em Portugal, como sabes, não há luta de massas que possa ser travada sem os comunistas". Olha; nada me aflige na participação de comunistas seja em que protesto ou luta for. Antes pelo contrário: gosto de gente combativa, coerente e generosa, como ainda acho que a maioria dos comunistas portugueses é. Começo sim a adivinhar o pior quando as estruturas de comando dos colectivos comunistas lá chegam. Quando vejo comunistas a bichanar à polícia, apontando o dedo a "elementos estranhos" que não sabem o seu lugar: lá longe. Longe da organização perfeita, da obediência inquestionável, da pureza dos funcionários.
22/05/11
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5 comentários:
Na manifestação contra a NATO os funcionários do PCP tiveram um papel claramente policial contra os manifestantes anarquistas e não-enquadrados. Não é a primeira, nem será a última vez, que o PCP, os seus quadros, decidem ser os colaboradores da Ordem. Já assim foi em França em 1968...Por aqui não se esquece a denúncia que fizeram no Avante dos militantes clandestinos dissidentes do PCP, que fundaram o CMLP, nem muitos dos seus comportamentos no pós-25 de Abril. A memória nestas coisas, mesmo que alguns as queiram esquecer, é fundamental, principalmente quando tiveram ainda há pouco essa atitude policiesca!
Parece-me que "manifestante" e "não-enquadrado" é uma contradição nos termos. A velha IS explica, ó Anónimo.
(Ataca as fuças dos comunas, ataca!)
Não discuntindo aqui a bondade ou não do texto do Bruno, diria que é no minimo irónico que após a manifestação "não-alinhada" de 12 de Março o resultado concreto foi.. termos a "ajuda" externa.
E que depois da acampada da Praça do Sol o resultado concreto foi...
o PP ter ganho em toda a linha em Espanha...
Não digo que seja esse o objectivo destes protestos, mas diria que se calhar é tempo de começarmos a perguntar até que ponto os mesmos não possam estar a ser instrumentalizados para justificar uma mudança ainda mais à direita (não que a manutenção do PS ou do PSOE no poder fosse de todo uma solução)
"Não digo que seja esse o objectivo destes protestos, mas diria que se calhar é tempo de começarmos a perguntar até que ponto os mesmos não possam estar a ser instrumentalizados para justificar uma mudança ainda mais à direita" - escreve você, G. V. Mas por que razão não se poderia dizer o mesmo das manifestações da CGTP, das diferentes iniciativas ou propostas de luta contra o governo de Sócrates ou contra as medidas do BCE/FMI promovidas pelo PCP e/ou o BE?
Quanto ao caso de Espanha, desde bastante antes do início das acampadas que se previa uma derrota do PSOE - de resto, acompanhada por uma subida, ainda que não avassaladora, da IU.
Isto, deixando de parte a questão de fundo: a do modo de lutar pela extensão das liberdades e direitos sociais e contra a ofensiva oligárquica "neoliberal" - pela "democracia participativa" ou "real".
Saudações democráticas
msp
@Miguel Serras Pereira:
A questão que levantei prende-se com a cobertura mediática que ambas as iniciativas tiveram (tanto a manifestação de 12 de Março como a acampada). E não estando a colocar em causa a boa vontade de quem participou nessas manifestações ou que estiveram na sua organizaçõa, diria que é de questionar os interesses que se movimentaram nos bastidores para as promoverem.
E tanto eu como o Miguel sabemos a diferença de cobertura mediática que as manifestações da CGTP têem, não é?
Alem de que falar-se em "revolução" quando ainda não estamos sequer numa situação pré-revolucionária causa-me alguma urticária.. parece-me estar a querer meter o carro muito muito à frente dos bois (salvo seja)
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