09/05/11

O que os finlandeses vão sabendo sobre Portugal, graças às nossas video-epístolas

Somos um povo irremediavelmente perdido na contemplação de glórias passadas. Não temos pejo em distorcer factos históricos, fechando a vista a outros, para compor um auto-retrato lisonjeador. Fazemos gala da ignorância mais abissal, de modo a inventar mais um ou outro detalhe mitómano na nossa biografia sonhada. Inchamos de orgulho a contemplar os feitos salvíficos de um herói, esquecendo os crimes cometidos contra o mesmo povo pelo nosso Estado e por tantos de nós ao longo de tantos anos. Não nos importamos de transformar a fuga à miséria de milhares de emigrantes numa coisa boa. Aliás, temos grande facilidade em metamorfosear a desgraça em virtudes; até inventámos o género musical luso por excelência a partir deste duvidoso alicerce. Inflacionamos sem vergonha a nossa escassa caridade, de modo a amplificar o nosso sentido de importância na ordem das coisas. Conseguimos fazer tudo isto, ao que parece, à pala do erário público. Depois, queixem-se de que os gajos não nos querem emprestar um chavo.

5 comentários:

Rui Batista disse...

Aplaudo o excelente texto e assino em baixo (não por querer usurpar o mérito pelo referido texto mas por concordar total e plenamente com o conteúdo do mesmo).

Ricardo António Alves disse...

Somos analfabetos, governados pelos analfabetos que somos.

CMT disse...

este tipo de auto flagelação parece-me o exacto reverso da medalha do optimismo incompetente do video para a finlandia.

LAM disse...

Nem sei como se esqueceram do maior bolo-rei do mundo que até entrou para o Guiness. Fica para o próximo. Eles vão saber o que é meterem-se com uma nação de destemidos e visionários empresários, desde que o estado entre com os ovos, o açucar e a farinha.

Luis Rainha disse...

CMT,
Sim; é o lado realista da questão.