21/05/11
O rei vai gasto e o povo é que paga a despedida
por
João Tunes
Mais que a crise, foi o tempo que veio matar a vida política de José Sócrates. Tivessem as eleições sido realizadas logo após a sua convocação com emissão de apenas um ou dois debates televisivos, Sócrates teria usado e beneficiado de todos os seus truques e, eventualmente, ganharia tangencialmente pelos votos e, assim, continuado a puxar a trela do PS, o partido e suas clientelas prostrados a seus pés. Mas ontem, face a Passos Coelho, Sócrates evidenciou, através da televisão, que o seu discurso, os seus recursos de efeitos tirados da manga, a forma de fugir às realidades e às responsabilidades, se esgotaram ao ponto de as suas repetições se tornarem insuportáveis e no cúmulo de ele mesmo já não conseguir ouvir as frases feitas que ensaiou para martelar na campanha. A saída da cena política de Sócrates em 5 de Junho à noite não é um problema, muito menos é um dano político. Pelo contrário. O que dana na queda de Sócrates é que o seu penúltimo acto político e público seja a entrega do poder à direita, preço exageradamente alto para uma nova oportunidade de o PS guinar para a esquerda, apesar do alívio nacional que será o país ver-se livre da voz, da imagem, da demogogia e da aldrabice compulsiva de Sócrates. Mas como esta dívida não é negociável, então ... pague-se.
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5 comentários:
Assino.
"O que dana na queda de Sócrates é que o seu penúltimo acto político e público seja a entrega do poder à direita"
Enquanto a esquerda: PCP/BE/independentes não se encontrarem numa plataforma eleitoral com programa mínimo, a rotatividade continuará por longos anos.
Subscrevo.
Se já não compreendia as razões que levavam alguém a votar neste PS de Sócrates, após a patética prestação de ontem na tv, penso que ficou evidente para muitos apoiantes que Sócrates, o PS, perderam as eleições.
E seria nisso que os partidos de esquerda deviam insistir, a partir de agora até ao final da campanha: se já não havia razões para confiar neste PS, com a derrota à vista não há razões para o "voto útil".
Neste regime tipo Mexicano de partido único, com duas facções (PS e PSD), a burocracia política vai se alternando nos poleiros do Poder do Estado, mas também nas empresas ditas privadas associadas, mantendo basicamente as mesmas políticas. Já esqueceram toda a história do PS no poder após o 25 de Abril? Afinal quem fez a restruturação do capitalismo local? Quem redistribuiu o capital das empresas «nacionalizadas»? Quem devolveu as terras ocupadas ao latifundio? Quem recebeu as malas de dinheiro americano e alemão?
A memória histórica é fundamental!
Os sindicatos dos comboios e dos médicos vão "estraçalhar" Coelho com faca e garfo.
Só se Coelho nos surpreender pela positiva ao contrário da surpresa que foi Sócrates pela negativa.
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