23/05/11

Po***, calem-se lá com a Islândia, ou pelo menos percebam o que se passa por lá!

Imagino que às vezes seja obrigatório simplificar, resumir, sloganizar as verdades. O que já me custa a imaginar é que os cabeças de cartaz dos protestos no Rossio ignorem o que estão a dizer quando elegem a Islândia como exemplo. Sobretudo quando apontam ao FMI tantos malefícios, incluindo a baixa da esperança de vinda nos países onde intervém.
Metam isto na cabeça de uma vez por todas: a Islândia já está a receber um pack de "ajuda" do FMI. O referendo recusou tão simplesmente pagar a investidores estrangeiros os prejuízos causados pela falência de bancos privados e mal geridos (o BPN deles, mas a uma escala relativa mais catastrófica ainda). Aliás, os islandeses levaram com o "nosso" Poul Thomsen como negociador.
Sei que a bandeira até é gira. Mas deixá-la ali pendurada e insistir no engano parece-me um mau começo para uma "revolução" que pretende coisas diferentes; é que demagogia e manipulação da verdade já temos que chegue, obrigado.

9 comentários:

EM disse...

Mais do que tentar fazer comparações entre as causas ou as soluções financeiras da crise para os dois países -- que as há, como acaba por admitir no post --, pretende-se, julgo eu, realçar o exemplo de luta e insubmissão dos islandeses. Quer-me parecer que não é pouco.

Luis Rainha disse...

Esse é o melhor dos paralelos. Inútil tentar confundir as coisas. De meias-verdades e aldrabices já estamos todos fartos, não é preciso virem também do nosso lado.

H disse...

Permita-me subscrever e aplaudir!

Anónimo disse...

O exemplo do povo Islandês é que é de realçar...e é por isso que lá estão as bandeiras da islandia.
Dar um exemplo concreto às pessoas de que sim é possível recusar o pagamento da divida. Se entramos em diferenças que existem entre a Finlândia e Portugal ou o Equador ou a Argentina, faz o trabalhinho dos comentadores televisivos que dizem que tudo é inevitável, sobretudo pagamento da dívida.
Na Islandia houve um povo que saiu à rua exigiu refrendo pela sua contestação e nos dois casos votou contra o pagamento da dívida aos bancos holandeses e da gra bretanha. Optimo exemplo a seguir...ou como palavra de or~dem quer colocar lá todas as espeficidades???
Concluindo, o exemplo do POVO Islandês serve apenas e só para servir de exemplo para a maiorira da poupulação portuguesa que podemos dizer NÃO!!!!!!!!

EM disse...

De acordo. Agora, claro que é verdade, e claro que é muito mau, que do lado da luta haja pessoas a dizer coisas como "pois é pá, os finlandeses é que deram o exemplo, recusaram-se a pagar a dívida ao FMI"...

EM disse...

Errata: islandeses, claro. (Puta de lavagem cerebral facebookiana.)

Miguel Serras Pereira disse...

Exactamente, EM, H, Anónimo e camarada Luís Rainha,

o problema é que parece que há quem não saiba - e também quem não queira, porque a ignorância favorece as suas manobras - distinguir as coisas, e as coisas são diferentes e acarretam consequências diferentes.
O mesmo vale para os que interpretam a revolta contra o enquadramento institucional antidemocrático da Europa ou o comportamento de instâncias responsáveis da UE como recusa da construção de uma cidadania europeia orientada pelos princípios da participação democrática, etc. como momento e via do combate contra a ditadura financeira da oligarquia.
Sob o seu radicalismo aparente, a posição de pura e simples recusa da dívida, sem mais, acaba por encerrar e, do meu ponto de vista, encurralar a luta num quadro nacional limitado e em termos "nacionalistas" tacanhos - opostos ao que de melhor apareceu com os prenúncios do que poderá ser uma multiplicação e potenciação recíproca das acampadas ao nível da Europa (e não só), perspectiva que implica por certo uma articulação inteligente e integrada dos problemas de cada região.
Assim, por exemplo, em vez de protestarmos contra "a Alemanha" e reclamarmos a nossa "independência nacional" contra ela quando Merkel diz o que diz sobre os horários de trabalho, a idade da reforma, os esforços a exigir em matéria de austeridade, etc., etc., deveríamos, continuando a repudiar essas soluções, endereçar aos trabalhadores e cidadãos comuns alemães e aos demais cidadãos europeus a seguinte mensagem: Achtung, companheiros, a imposição de tipo "colonial" de condições degradadas na periferia é um primeiro passo que prepara a ofensiva oligárquica no centro. Se não a travarem agora, o sucesso de uma política como a que Merkel tem em mente fará com que, daqui a nada, ela esteja a dizer aos trabalhadores alemães, franceses, etc. que precisam de compreender os imperativos da competitividade e da modernização económicas impostos pela globalização, etc., etc. Ou não será assim?

msp

Justiniano disse...

Sim, Rainha!! E esta distorção já vem sendo cantarolada vai para meio ano!! O que acho mais estranho, hás-de convir comigo, é que a óde aos Islandeses por, no fundo, se recusarem a salvar o seu sistema bancário, acompanha, intimamente, os perigosos liberais que, desde sempre, e contráriamente aos mais zelosos custódios da socialidade, se dispuseram a largar na lama todo o edifício bancário falido, sem bóias de salvação provindas da fazenda pública!!
Interessante, não é!!??

Anónimo disse...

Desculpem, sem querer tomar posição aqui, parece que Luis Rainha está bem informado. Porém, cabe uma resposta a esta pergunta: porque vocês não saem dos blogues e vão lá ao Rossio dizer isso? Ninguém vai vos devorar, creio eu. Têm medo de alguém que está lá (eventualmente do 5dias)? A minha certeza é que não é um comício de blogueiros, o que se passa no Rossio, e que o micro estará ligado e que vocês poderão intervir. Dar a cara não é fácil, mas visto que lá todos que o fazem encaram esta dificuldade... fica a dica. Caso contrário, força com os diálogos internéticos contra os temíveis e estúpidos agitadores do Rossio. Força. Força. Força, mais um bocadinho ainda cagam.