02/05/11

Um milhão depois

Tinha o maior deprezo político possível pela figura de Bin Laden. E acho que o anti-americanismo é, por inúmeras razões, um caminho errado. Mas é também com algum pavor que vejo na televisão imagens de cidadãos norte-americanos a celebrarem o assassinato de Bin Landen ao mesmo tempo que cantam o hino do seu país. Bin Laden foi morto numa operação liderada directamente por Obama. Bin Laden foi morto, ao que parece, para fazer cumprir a promessa de dar a reposta devida aos ataques de 11 de Setembro. O mais de milhão de mortos das guerras do Iraque e do Afeganistão foi apenas e só o tempo de um pequeno atalho que a humanidade teve que atravessar para chegarmos a este dia de sol, de luz e de esperança, dizem. Espera-se agora que haja por aí um qualquer adiantado mental que decida mandar uma bomba atómica sobre o Texas para ver se no fim da jornada podemos também declarar a morte de George W. Bush. Com as felicitações do governo português, claro.

ps : pior do que o anti-americanismo primário, só mesmo o americanismo primário.

2 comentários:

Anónimo disse...

O caso Bin Laden, com os normais «danos colaterais», tal como a morte dos netos de Kadafi, só demonstram que os Estados que sempre fazem apelos indignados às imagens dos «mortos inocentes» nas acções desencadeadas pelos grupos armados «não-autorizados» deixam nas suas guerras e acções punitivas um rasto de sangue de inocentes que obviamente não serão chorados pelos crentes patrioteiros.
Estes acontecimentos recentes podem ser uma contribuição para não esquecermos que a chamada «superioridade moral» dos estados e sociedades ocidentais é muito relativa...
Afinal qual foi o maior acto de terrorismo do século XX senão o das bombas atómicas lançadas no Japão pelos EUA.

Anti-americano primário disse...

«E acho que o anti-americanismo é, por inúmeras razões, um caminho erradorto.» José Neves

Acho que o anti-americanismo é, por inúmeras razões, o caminho certo.
Eu