30/06/10

Custa ler mas porque não ler?

Luís Januário:

A nossa selecção de futebol é muito inferior à espanhola. A nossa selecção de jornais também. A de colunistas nem se fala, embora seja difícil imaginar com quem se pode comparar um imbecil ilustrado como VPV, um católico ultramontano como César das Neves ou um diletante como MST. Se nos compararmos, perdemos em quase tudo: na poesia, na novela, na viola de gamba, na saúde oral e no tamanho dos narizes. Ontem viu-se, quando as câmaras focavam a assistência: uma mulher guapíssima passando bâton pelos lábios, alternava com um broeiro lusitano, atarracado e hirsuto.
A Espanha teve de tudo e a sério. Teve anarquistas e falangistas, brigadas internacionais e fossas comuns. Na primeira metade do século XX a Igreja Católica em Portugal foi nojentinha. Em Espanha foi mesmo nojenta.
Hoje estamos como sempre fomos - se excluirmos o breve período em que um bruxo brasileiro, com o apoio do Marcelo das bandeiras, fez psicoterapia de grupo à selecção de futebol e hipnose ao País. Condenados ao Sócrates e ao clone barítono, aos socialistas entre a jugular e a estomáquica, aos sociais-democratas revirgens como um rapaz de Blake, aos estalinistas e à esquerda alternativa. Ao senhor Silva e ao comendador Loureiro. Ao fartote, ao rega-bofe, à depressão cortical, ao fado da humanidade imaterial, à maldição insular que atingiu Antero e ainda chega até nós, como um anticiclone que vem dos Açores.


(publicado também aqui)

3 comentários:

Anónimo disse...

Lamentável escrito, sr. J. Tunes. O Sr. não as mede...Durruti

antónio fragoso disse...

Que doçura januariana e que deslumbramento tunesiano !

Todos levam epítetos de ferver menos uns que são terna e isentamente chamados de «esquerda alternativa».

Ó senhor Januário não me diga que lhe faltou a inspiração para lhes chamar «esquerda caviar» ou «trotzkistas reciclados».

Miguel Serras Pereira disse...

Caro João,
excelente amostra da arte do Luís, este post que aqui trouxeste.
Devo dizer que o texto só me conforta no meu velho iberismo republicano e federalista. Além de salutar para a região portuguesa, a União Ibérica também poderia ajudar outras regiões da Península a libertarem da hipoteca ao "nacionalismo" as suas reivindicações democráticas.
Forte abraço para ambos

miguel sp