18/11/10

A “propaganda estrangeira” e as marchas do pacifismo dos dúplices

Não faz sentido que quem se vem manifestar contra a NATO (para uma das várias manifestações que não estão proibidas) não possa transportar propaganda contra a NATO, sendo-lhe esta apreendida como ilegítima. Aliás, as autoridades não esclareceram em que é que a propaganda vinda do estrangeiro tem de diferente relativamente à propaganda produzida no nosso país com a mesma intenção e que é muita, variada e toda radical. Portanto, fica bem a qualquer liberal bem formado protestar contra esta penalização inadmissível de propaganda por esta ser produzida no estrangeiro.

Isto, a par do exercício ao direito à gargalhada ao ver-se uma miríade de organizações e micro-organizações todas filhotas do mesmo partido (o PCP), o que era o campeão madrugador do apoio às intervenções e invasões do Exército Vermelho e das forças do Pacto de Varsóvia em países formalmente soberanos, património político que nunca renegou, a desmultiplicarem-se, nestes dias, em marchas anti-NATO, sem se sentirem assombrados por qualquer alma penada vinda dos esmagados pelos tanques invasores em Budapeste, em Praga ou em Cabul.

Protestar contra um abuso de poder e também se rir do desaforo cínico dos dúplices não estará ao alcance de todos e talvez só os liberais até lá se cheguem.

(publicado também aqui)

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