06/12/10

Os funcionários públicos açorianos

Anda toda a gente indignada com a decisão do governo regional dos Açores de atribuir um subsidio aos seus funcionários com rendimentos entre 1.500 e 2.000 euros para contrabalançar o corte salarial.

Se eu percebi, da verba que a Região Autónoma tem para gastar, o governo regional decidiu gastar parte nisso em vez de noutra coisa qualquer. Bem, e depois? Vem algum mal ao mundo por isso?

O contra-argumento é que a RAA vai fazer isso com "o dinheiro dos contribuintes"; mas se o dinheiro fosse gasto noutra coisa qualquer também seria dinheiro dos contribuintes. Ou seja, com esta medida de Carlos César parte do dinheiro dos contribuintes vai para os funcionários públicos açorianos em vez de ir para outra coisa qualquer que o governo regional decidisse. Nós vamos pagar esse dinheiro? Sim, mas de outra forma iríamos à mesma pagar "a outra coisa qualquer" (seja lá o que fosse). Portanto, repito a minha pergunta: e depois? Vem algum mal ao mundo por isso?

Provavelmente haveria "outra coisa qualquer" em que seria mais útil gastar esse dinheiro do que nos ordenados dos funcionários regionais? Talvez. Provavelmente sim. Mas o certo é que as pessoas melhor indicadas para dizer quais seriam as coisas em que seria mais útil o governo da RAA gastar esse dinheiro serão os próprios açorianos (afinal, eles é que sabem o que é não é necessário para os Açores), não a carrada de comentadores continentais de que tem condenando a medida (já agora, ainda não vi nenhum dos escandalizados dizer "esse dinheiro que a RAA vai gastar com isso seria melhor gasto em [X]").

3 comentários:

josé manuel faria disse...

E os demais funcionários regionais não têm direito? Estes 3 700 têm olhos azuis e pele branca? Qual o critério de César?

Pois, o dinheiro só dava para aqueles!

Podes dar as voltas que quiseres MM, mas, este acto é vergonhoso, e fico estupefacto com tantos defensores de esquerda.

A esquerda defensora deste acto ainda não protestou por Jardim não fazer o mesmo! Curioso, muito curioso.

Anónimo disse...

Seria mais fácil reprovar o acto, se em vez de se beneficiarem os tais funcionários públicos, se decidisse distribuir a mesma fatia pelos que ganham mais de 2500€? Ou pelos que ganham entre 750 e 1000€? E se fosse decidido atribuí-los todos a um familiar de César que chefia uma qualquer parceria público-privada? A decisão foi tomada "democraticamente"? Que palavra têm os eleitores sobre este assunto? (Só se vão poder pronunciar nas eleições?)

Parece-me que o MM está demasiado conivente para com um acto claramente que representa claramente a existência de uma oligarquia, que vai muito para além de "o governo autónomo é que sabe como gere os seus recursos".

No entanto, o modo como o MM põe as coisas deve levantar uma discussão: que têm os portugueses a dizer sobre os salários da generalidade dos cargos públicos e que poder têm para os alterar? Afinal de contas, o que César fez não acontece no governo continental, quando remunera de um modo abusivo gestores e multiplica os inúteis cargos de assessoria para promover os boys das camadas jovens?

Anónimo disse...

O MM quer mesmo é discutir. A torto e a direito. Aceito contudo alguns factos, como p.ex. o que reporta a dificuldade de manter quadros tanto nos Açores como em qualquer parte do interior do país.
Algum dia hão-de ser pagos (criados já existem) incentivos remuneratórios para que os portugueses se desloquem para regiões "longínquas" dos grandes centros populacionais e da orla marítima.
Longe da educação, da saúde,da cultura, ao fim e ao cabo daquilo que hoje, aí, se valoriza e é subsidiado também com os nossos impostos nesses locais.
Por aqui se as autarquias locais têm dinheiro há educação,há cultura e saúde, mas tudo custa o dobro. Ai que não custa!!!
Experimentem só viajar 100 a 200 Kms para ir a Lisboa ver um teatro, ver e ouvir um concerto ou qulaquer manifestação cultural ... Porque aqui não há.
Conclusão
Acho bem que os trabalhadores dos Açores não sofram cortes nos vencimentos o que deveria ser extensivo a todos os que residem no interior do País.
Porque por cá também é Portugal.