19/06/13

Do porquê da austeridade e da rentabilidade da crise

Do Público.es (19.06.2013):

En España hay 144.600 personas con un patrimonio superior al millón de dólares (740.000 euros) y 12 millones en todo el mundo. La riqueza de los grandes patrimonios crecerá un 6,5% anual en los próximos tres años.


En España hay 144.600 millonarios. Son ciudadanos a los que la crisis no afecta; forman parte de un selecto club que lejos de menguar sigue creciendo: en 2012 el número de personas con unos activos financieros de al menos un millón de dólares (740.000 euros), excluyendo la primera vivienda y los consumibles, creció un 5,4%, según el informe anual de la Riqueza en el Mundo de 2013 elaborado por RBC Wealth Management y Capgemini.

Según ese cálculo, en 2012, uno de los años más duros de la crisis, en España aparecieron 7.408 millonarios más. Un dato que confirma que la desigualdad en España no hace más que aumentar con la crisis.

A nivel global, la riqueza de los personas con grandes patrimonios aumentó un 10% en 2012, hasta alcanzar la cifra récord de 46,2 billones de dólares (34,5 billones de euros), después de la caída del 1,7% del año anterior.

De acuerdo con la decimoséptima edición del informe, un millón de personas se unieron en 2012 a la población mundial de individuos con grandes patrimonios, hasta alcanzar los 12 millones de ricos en todo el planeta, lo que supone un aumento del 9,2% respecto al año anterior.

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2 comentários:

João Valente Aguiar disse...

Caríssimo,

oportuna e valiosa a publicação deste texto.

Contudo, quero deixar duas notas. Em primeiro lugar, certa esquerda parte do pressuposto de que as crises económicas teriam como principal (e quase único) objectivo o incremento da transferência de rendimentos do trabalho para o capital. Se assim fosse, então essa visão mecânica do marxismo teria de explicar porque as crises são episódicas e não um estado permanente. Ou seja, se a crise tivesse como único objectivo aumentar o fosso da concentração de recursos, então porque o sistema não viveria permanentemente em crise? A concentração de capital nas crises é uma consequência e não uma causa.

Em segundo lugar, a crise corresponde fundamentalmente a um processo de destruição de capital e que se expressa de maneiras que vão desde o aumento do desemprego, o abaixamento dos salários, até à necessidade de repor os balanços dos bancos e das empresas. Ou seja, um processo fundamentalmente económico e estrutural ao modo de funcionamento do capitalismo é apresentado pela maioria da esquerda como se fosse o resultado de um pretenso projecto ideológico (daí os elogios da esquerda ao Pacheco Pereira), da corrupção ou da pretensa instrumentalização do poder político pelo poder económico (como se ambos não fossem braços de um mesmo corpo). De facto, o mais espantoso em toda esta conjuntura de crise (e de tragédia humana) é que um processo que tem tudo de político-económico (a junção das duas palavras é propositada e só faz sentido coligada) é apresentado por uma boa parte da esquerda como o resultado da maldade inata dos alemães ou o resultado de uma qualquer insensibilidade social dos governantes. Ora, no final, mantêm-se incólumes os princípios de cisão entre governantes e governados. Não só os princípios estruturais que norteiam o comportamento das classes dominantes e das elites se encontra totalmente oculto de crítica, como a esquerda não reflecte sobre os princípios para os quais ela contribuiu no passado para desenvolver processos que resultaram em colossais tragédias humanas. Todas as tuas observações ao longo do tempo sobre a importância de se discutir a relação entre governantes e governados fazem todo o sentido. Porque são raros os que à esquerda procedem desse modo, não sei explicar.

Abraço!

Miguel Serras Pereira disse...

Obrigado, João, pelos teus comentários que procedem a uma leitura mais completa da simples notícia de que me fiz eco.
Evidentemente, tens razão em sublinhar a inseparabilidade da dimensão política e da dimensão económica, e, sobretudo, que aquilo que está em jogo é a democratização política da economia, e, se quiseres, a democratização, através dessa transformação da organização económica instituída, do exercício (político) do poder.
Por fim, a escassez das vozes - pessoas e correntes de opinião mais ou menos definidas e coerentes - que falam tentando tirar as consequências de notíciax como esta - ou de crónicas como algumas das mais recentes do Pacheco Pereira - é ao mesmo tempo explicada — e, de certo modo, também explicação — da força com que o imaginário hierárquico e a ideologia do capitalismo penetraram e contagiaram as representações e modos de pensar da generalidade da população, em todas as classes, até naquelas que mais sofrem os efeitos da dominação. Se assim não fosse, como não tiraria a generalidade dos admiradores de Pacheco Pereira as conclusões evidentes, e sem nada de muito original, que assinalei há dias (cf. http://viasfacto.blogspot.pt/2013/06/sobre-greve-dos-professores.html), transcrevendo parte do que ele diz sobre as greves?

Abraço

miguel(sp)