24/06/13
O pior cego é o que não quer ver nem deixar que os outros vejam
por
Miguel Serras Pereira
Num breve post que vale a pena meditar um instante, Luís Menezes Leitão escreve: "Efectivamente uma das propostas eleitorais de Marine Le Pen é a saída da França do euro. Como o euro não subsistirá sem a França, se a Frente Nacional alguma vez ganhar as eleições, é certo e seguro que o euro acaba e com ele a União Europeia". Não me vou alargar aqui, repetindo que semelhante desfecho seria, por um período de duração indeterminável, uma regressão política e civilzacional global, que levaria ao extremo, em todas as regiões do mundo, a subordinação da grande maioria dos homens e mulheres comuns às oligarquias dirigentes, mais ou menos recicladas no decorrer do processo. Mas não posso deixar de perguntar até quando, na região portuguesa, aquelas fracções, que, à esquerda, se reclamam de princípios democráticos e participativos inegociáveis, mas, na esteira do PCP, fazem seus objectivos a saída do euro e/ou a desagregação da UE, ou, pelo menos, o combate à perspectiva democrática de uma integração europeia orçamental, fiscal e constitucional, continuarão a não querer ver, e a querer que os outros não vejam, o abismo em direcção ao qual nos animam a prosseguir ou cujas proporções e riscos moratis porfiam em minimizar.
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6 comentários:
Acho interessante que a lógica que se tem veiculado tanto no 5dias como no Vias de Facto assenta menos no raciocínio do que na análise das posições inimigas. Por um lado apoiam-se árabes radicais e reaccionários porque são anti-imperialistas. Por outro incute-se o medo mostrando-se que certa esquerda veicula posições que a curto prazo coincidem com o fascismo. Toda a matéria produzida pelo João Valente Aguiar no Passa Palavra no que toca à análise das consequências do euro vale muito a pena ler, e tenho pena que não tenha redundado num debate mais amplo e franco entre pessoas mais informadas que eu e o comum dos cidadãos. Agora, esta lógica de que não podemos pedir a saída do euro porque os fascistas também o pedem é uma lógica do medo, e confesso que depois de seguir este blog tantos anos, é algo que vindo de quem vem, muito me desilude. Quer dizer, se amanhã os fascistas se pronunciam a favor da permanência no euro, será o MSP forçado a pensar diametralmente oposto só por ser militante de esquerda?
Caro Anónimo,
dar-lhe-ia inteiramente razão se a minha grande objecção à saída do euro ou aos que apostam na desagregação da UE fosse o facto de alguns fascistas a(s) defenderem. Mas, se vir bem, a razão de fundo é outra: "…uma regressão política e civilzacional global, que levaria ao extremo, em todas as regiões do mundo, a subordinação da grande maioria dos homens e mulheres comuns às oligarquias dirigentes, mais ou menos recicladas no decorrer do processo …". Mas dizer depois que as posições de Marine Le Pen e do FN deveriam funcionar como uma chamada de atenção ou sinal de alarme, não me parece demasiado forçado.
Aliás, veja que eu não passo a defender a saída do euro por haver reaccionários caracterizados que defendem a sua permanência. A minha aposta política é o combate pela democratização - uma democratização global, ao mesmo tempo que penso que o avanço, cada vez mais comprometido, do federação e da democratização na Europa criariam melhores condições não só nesta região do mundo, mas também em termos globais. A transformação efectiva do euro em moeda única, a integração orçamental e fiscal, bem como a integração nivelada por cima de uma carta de liberdades e direitos sociais, é, no sentido indicado, que me parecem desejáveis.
Cordialmente
msp
Como é que os fascistas poderiam defender a permanência no euro quando o seu objectivo explícito é o esfrangalhamento nacional(ista) de toda a europa?
O JVA defendeu a adesão de Portugal ao euro?
Não tinha idade para pensar nisso...
É só para ter em mente que muito boa gente esteve contra a adesão de Portugal ao euro. Tal como as forças fassssistas!
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