08/07/13

Como lutar contra a austeridade tendo o devido cuidado com as imitações

Não me interessa aqui discutir o acerto ou desacerto da análise que Frederico Aleixo consagra no 5dias ao episódio da nomeação de Paulo Portas para o cargo de vice-primeiro ministro. Importa-me sublinhar a conclusão límpida do autor do post quando afirma que, quanto àquilo que Paulo Portas e o governo remodelado poderão fazer, "[t]udo dependerá dos movimentos sociais, da onda de contestação e da ofensiva popular não só aqui mas em toda a União Europeia". É que, embora Frederico Aleixo, talvez dilua um pouco a nitidez da conclusão ao somar-lhe outras considerações, relevando de níveis de análise menos fundamentais, a verdade é que, excepto no caso de uma erupção generalizada que não parece iminente, tudo o que qualquer governo — seja o de Passos Coelho e Paulo Portas, seja o eventualmente resultante de uma nova maioria parlamentar, seja o de uma improvável iniciativa presidencial — poderá fazer, para adoçar a austeridade ou para a combater com um mínimo de eficácia, "dependerá dos movimentos sociais, da onda de contestação e da ofensiva popular não só aqui mas em toda a União Europeia", o que indica bem que, será tendo em vista a federação e a generalização dos "movimentos sociais" e da "ofensiva popular" ao nível europeu que a luta pela democratização deverá ser travada, denunciando como "divisionistas" e reaccionárias, no sentido próprio do termo,  palavras de ordem como a reconquista da "independência nacional", ou soluções como o isolacionismo, que quer fazer passar por revolucionária a solução de agravamento austeritário que seria a saída unilateral (e não há outra possível) da zona-euro. Por outro lado, estas mesmas considerações — embora Frederico Aleixo talvez aqui pense de outro modo — mostram o beco a que conduzirá a grande maioria dos cidadãos portugueses permitir que direcções partidárias e sindicais continuem a orientar o essencial das acções de luta para a realização de eleições antecipadas, na perspectiva de uma maioria parlamentar de "esquerda", e, sobretudo, a conferir a objectivos análogos prioridade sobre a "auto-organização popular", os "conteúdos sociais" e a criação de formas de intervenção colectiva democraticamente renovadas e alternativas.

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