Saí hoje de cena uma das personagens marcantes da política portuguesa ao longo dos últimos trinta anos. Uma personagem que tendo sido político a tempo inteiro sempre recusou assumir essa sua actividade, recorrendo ao seu estatuto de Professor e de economista do Banco de Portugal.
Sai de cena e deixa poucas saudades. Enquanto primeiro ministro foi o responsável pelas orientações dadas ao País no período pós adesão à Comunidade Económica Europeia e ao Euro. É o homem da aposta no betão e no desprezo pelos factores imateriais do desenvolvimento. É o homem do desmantelamento da nossa frota pesqueira e do abandono da agricultura. Foi o principal defensor do "Portugal-bom-aluno", que inaugurou uma posição subserviente em Bruxelas.
Posteriormente, já como Presidente da República, é o homem da adesão entusiástica às políticas austeritárias da Comissão Europeia. É o homem que idolatra os Mercados e aconselha a uma posição cautelosa[ uma posição medrosa] face aos humores dos Mercados. É o homem que, à revelia do que a sua vaga costela social-democrata ditaria, assiste, impávido e sereno, ao aumento brutal da desigualdade entre os seus cidadãos e ao regresso do assistencialismo legitimador dessa desigualdade.
Nas duas funções cultivou amizades que se revelaram danosas para as finanças públicas e para a saúde financeira do Estado. Amizades que actuaram como predadores do sistema financeiro e que, no BPN, no BES e no BANIF, lesaram a coisa pública em dezenas de milhares de milhões de euros. Mais ou menos impunemente.
Foi, sempre, um Presidente distante, afastado dos seus concidadãos , progressivamente menos estimado por todos eles,
Por tudo isso não merece um outro lugar na história além daquele que deve ser reservado aos que se situaram no lado errado, no lado dos que negam um futuro de progresso e de solidariedade à maioria dos seus cidadãos.
Marcelo chega agora e, facilmente, será melhor e mais justo. Capaz de ajudar a alterar a posição de Portugal no contexto europeu.
É um novo ciclo que se abre, mesmo que com velhos protagonistas.
PS- O BE e o PCP deviam ter vergonha pelo comportamento mal educado que os seus deputados adoptaram na tomada de posse de Marcelo. Velhos tiques. A menos que o silêncio fosse justificado pela responsabilidade que reconhecem ter tido na sua eleição.
09/03/16
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