Portas abertas para uma compreensão daquilo que se está a passar na cidade de Lisboa. Portas abertas para que se possa perceber como fazer uma critica política, contundente, à actual gestão municipal, a partir de uma posição comum aos cidadãos que gostam de Lisboa. Uma posição fundada no amor pela cidade e pelo seu património.
Catarina Portas, denuncia a baixa de qualidade do executivo municipal - pessoas excelentíssimas, com certeza, empenhadas "para lá do que permite a força humana", mas o que está em causa são as opções e as acções concretas - e o [nefasto] predomínio do urbanismo na gestão municipal. Isso em tese seria bom, mas trata-se da visão particular que o vereador Manuel Salgado tem do urbanismo. E isso pode não ser bom, a julgar pelas opções, como refere Catarina. Um urbanismo ao serviço do investimento turístico, que troca lojas históricas e património por hóteis. Uma opção que a prazo se revelará péssima para o turismo, como se sabe, de outros carnavais. Uma Lisboa que se irá esvaziar, ainda mais, de população, pese embora a "dinâmica" e a "competitividade" do afluxo de turistas, ao mesmo tempo que se liberta do seu carácter particular, adquirido ao longo de séculos. A cidade enquanto objecto de consumo num confronto desigual com a cidade enquanto território para todos poderem viver.
Uma entrevista a ler obrigatoriamente, no Público.
29/03/16
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3 comentários:
Abre portas abre. Embora tenha razão, a entrevista abre portas ao regresso da direita que ainda fará pior e sem proveito absolutamente nenhum para os justamente críticos - como aconteceu com Santana.
Normalmente ignoro comentários anónimos. Mas, quanto à entrevista da Catarina Portas é necessário ser muito retorcido na análise para lhe atribuir a responsabilidade que o "anónimo" lhe atribui. Será que nos poderia ajudar a reflectir sobre as razões que poderão tornar possível o tal "regresso da direita" de que fala? Vamos lá ver, a esquerda socialista está no poder. Tem maioria absoluta. Há um consenso nos média sobre o carácter benigno da gestão autárquica em Lisboa. Ninguém questiona politicamente o que está a ser feito. No essencial a direita aplaude, ou não? O turismo está esfusiante[ Catarina Portas foi a primeira a questionar o seu carácter benigno, a prazo]. A "reabilitação urbana" vai de vento em popa. Quem do status quo político-financeiro questiona este modelo de reabilitação urbana? Ninguém fala de habitação para todos, ou pelo menos a custos controlados, do preço escandaloso do arrendamento, de transparência na contratação, dessas coisas. Há uns problemas com o urbanismo, com as aprovações, os licenciamentos, a "visão hoteleira" da reabilitação etc, nada que interesse às pessoas, que, por definição, não se interessam por nada. Coisas de jornalistas de investigação. Se a Catarina Portas não tivesse dado a entrevista a reeleição de Medina eram favas contadas?
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