26/04/20

Ler os Outros: " Os que aplaudem o SNS são os que vão querer cortar salários depois"

A entrevista ao Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, publicada no DN, na edição deste sábado, e disponível online para assinantes, é de leitura obrigatória.

Uma análise lúcida e clara sobre a importância do Serviço Nacional de Saúde, o seu estado antes da pandemia, como a crise de 2008 contribuiu para a sua degradação humana e material. Destaco as frases mais importantes.

"O SNS não recuperou da última crise, quer em recursos humanos, quer em investimento. Chega a esta crise muito depauperado. Se reduzirmos o investimento no SNS  vamos agravar os problemas."

"A tentação de cortes no SNS vai ser imensa. Foi preciso haver uma crise destas para o ministério das finanças perceber que tinha de dar autonomia às instituições hospitalares. Para contratar, por exemplo. Mesmo assim foi só quatro meses." 

"Não estamos preparados para o normal funcionamento. Precisamos de equipamentos de proteção individual. Testes para profissionais e doentes. E na prática mais recursos humanos."


"A memória é curta - as mesmas pessoas que criticam o SNS, os profissionais de saúde, são as mesmas que batem palmas e que se sentem muito emocionadas com a resposta dos profissionais de saúde." 


"Costumo dar o exemplo da crise de 2008. No mesmo dia que há a falência do Lehman Brothers em Talin é assinada uma carta entre o Banco Mundial e os vários países da OMS na Europa e que diz que o investimento em saúde é investimento em crescimento económico. A partir da crise financeira, que começa naquele dia, a grande maioria dos países europeus faz uma redução nos seus orçamentos na saúde." 


Não duvido que as coisas se irão passar assim, mais uma vez. Apenas com novos protagonistas será possível esperar uma mudança de políticas. Ora, a austeridade no investimento no SNS não terminou com o Governo de Portas e Passos, ela prolongou-se até aos nossos dias.

PS- sou assinante do DN e comprei o jornal de sábado. Caso não seja possível aos que visitam o Vias de Facto aceder à entrevista na sua totalidade, através deste link, ficam aqui salientadas as mais importantes declarações. Em alternativa podem assinar o jornal.

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