Mais algumas leituras importantes nestes tempos de coronavírus. Em vez do linguarejar que entope a bolha mediática - esse caldeirão cheio de curvas, contracurvas, banalidades sem limite e sem pudor, vazio de esperança - as reflexões de quem tem algo para dizer nestes tempos de crise profunda e de pouca esperança. Os que sabem que somos sempre nós que podemos mudar o rumo dos acontecimentos contra todas as TINAS, as de ontem e as que agora, a pretexto das vacas magras, se insinuam todos os dias.
Neste caso um ensaio de Jorge Sampaio publicado pelo Público de que destaco as seguintes frases:
"(...) Para os países do velho continente, é a hora da Europa. Para a Europa, é a hora da defesa do multilateralismo, da democracia e de redescoberta do humanismo. Mas, para todos, creio, é claro que esta é a hora de reconhecer o papel insubstituível da confiança dos cidadãos no Estado e das suas funções essenciais enquanto garante da protecção dos cidadãos e da coesão social e no âmbito da afirmação da independência e soberania nacionais. Parece-me claro que a hiper-globalização tem os dias contados, mas também não será o regresso a um localismo serôdio – ou pior, a nacionalismos de má memória – que permitirá ultrapassar a monumental crise que se avizinha. (...) Estas previsões, que praticamente colocam todos os membros da União Europeia no mesmo barco, deveriam ser suficientes para levar a um plano europeu robusto de reconstrução da economia e do desenvolvimento sustentável na Europa. (...)
Não é, porém, certo que assim sucederá por razões várias, mas que se prendem basicamente com um enorme e surpreendente défice de sentido partilhado de pertença a uma comunidade de destino que está na base do projecto europeu, mas que nem décadas de história comum alicerçou entre os seus membros…Perante as previsíveis hesitações de uns e resistência de outros, poderá, então, porventura ser o momento de fazer avançar a União Europeia apenas com os que desejem apostar no seu fortalecimento, como aconteceu no passado com a livre circulação de pessoas ou com a moeda única. Desistir não é opção e não podemos deixar que um vírus mate a Europa e nos arraste consigo. Há que fazer do sobressalto civilizacional que estamos a viver uma oportunidade de renovação do pacto europeu. Quero crer que, como a Fénix, haveremos de renascer.(...)"
Vale a pena ler a totalidade do ensaio ( e não da entrevista como por lapso tinha escrito).
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