05/05/10

Depois do colapso bancário

Apesar das promessas avultadas de ajuda à Grécia, os especuladores continuam literalmente a apostar no colapso financeiro dum país da zona euro. A Espanha é o alvo, sendo os ataques à Grécia e Portugal apenas preliminares necessários para lançar o pânico. Se os especuladores conseguirem criar dificuldades sérias de re-financiamento à Espanha, não só da sua dívida pública mas também da dívida privada (através dos bancos espanhóis), não me parece que os países da União Europeia consigam tomar as decisões necessárias (essencialmente imprimir tantos euros quanto necessário para cobrir as dívidas dos países da zona euro) de modo suficientemente rápido para evitar o colapso do sistema financeiro em grande parte dos países europeus. Neste caso, necessariamente os bancos serão nacionalizados ou irão falir. Um novo sistema bancário poderá ser então erguido. Diferente, mas como?

A pergunta surgiu-me depois de ler uma possível resposta, de Esquerda, radical, aqui. Um extracto:

"At the most basic level, what we want a bank to do is to hold money when we have too much of it and lend it to us when we are temporarily short. Over the course of a human life these times should tend, on average, to balance up.

If, for the purposes of argument, we take a life as 80 years long, we will spend the first quarter in education and the last quarter in retirement. Both periods are ‘in the red’ in money terms. The middle period is when we are economically active, and it is the value of this work that we share, supporting our parents’ generation – and the children who will support us when we are no longer active.

On a weekly, yearly and even a generational basis, this is the sort of service a bank can provide, evening up money across time and between the members of a community. And since the bank’s aim would be to support the welfare of the community, it makes sense that it would be owned and controlled by the community, much as existing credit unions are."

Um exemplo deste tipo de banco já existe, na Suécia.

5 comentários:

Anónimo disse...

Seria óptimo o BE lançar um pequeno livro ao jeito do que lançou antes das últimas legislativas. Esse livro poderia lançar as ideias base para questões como a enunciada no post (que banca) e outras que tal, tendo como objectivo a construção de uma europa socialista.
Mas não, andamos aqui todos entretidos com comissões da PT e da puta que os pariu a todos. Gente, é hora de fazer política, é hora de o poder cair na rua. Já agora, deixo aqui um link http://www.occupiedlondon.org/blog/ para um blog bastante actualizado sobre o que se passa na Grécia. É que a TV - sobretudo a do Estado - só fala nos "mercados" e no nervoisismo que sentem, e não nas reacções que estão a provocar.

Anónimo disse...

E o Montepio?

Anónimo disse...

Caro Pedro Viana- Urge tentar ultrapassar a retórica do statuo quo e da impossibilidade histórica de transformação política e social que envolve esta crise económico-política e financeira. Seguimos Attali, Stieglitz e Krugman: vemos que eles querem " salvar " um sistema desumano e cada vez mais letal. Há alternativas, pois. Castoriadis assume hoje uma referência capital para a construção da opção crucial: Socialismo ou Barbarie! Numa das suas entrevistas mais empolgantes, datada de 1997,inserta na "Sociedade à Deriva", ele aponta quatro pontos importantes para vencer a crise do Capitalismo Energúmeno que urge destruir de raíz: 1)" O Ocidente é etno-centrico, etno-suicidário e suicida ao mesmo tempo- e isto não é paradoxal.Isso representa a antinomia fundamental do capitalismo contemporâneo. (...) E esta significação imaginária leva a uma impotência, que é também a própria impotência da sociedade actual, onde ninguém lidera "; 2)" Quando hoje se proclama por todo o lado que a Globalização exige isto ou que a Mundialização quer aquilo, nenhum governo é capaz de dizer não, nem mesmo de tentar opor-se,e isso funciona como uma prodigiosa corrente de água que leva tudo à frente "; 3)" A urgência, agora , é de conseguir controlar as forças cegas que o sistema desencadeou como, por exemplo,a tecno-ciência, a destruição do Meio Ambiente, a raiva do enriquecimento e do consumo..."; 4) O " espaço dos fluxos financeiros " é inseparável do capitalismo, "e este é incompatível com a verdadeira democracia ". Niet

Pedro Viana disse...

E o Montepio?... Pois. Não há dúvida que o Montepio é a única instituição bancária em Portugal, que eu conheça, que partilha alguns dos elementos mencionados no post, em particular o facto da Direcção ser democraticamente eleita pelos associados do Montepio. Infelizmente, é o único aspecto em que o Montepio é diferente dos outros bancos a operar em Portugal. E, mesmo assim, note-se que menos de 10% dos associados do Montepio se dão ao trabalho de votar. Não há verdadeiramente uma gestão democrática, e muito menos participativa, do Montepio.

Na prática, o Montepio comporta-se como qualquer outro banco privado, pois, por exemplo, não tem qualquer tipo de política diferenciada de empréstimo (podia emprestar apenas quando certos pressupostos éticos, sociais e ambientais fossem respeitados) e cobra juros tão altos como os outros bancos. Porquê? Porque quer é que os associados do Montepio aceitam tal situação? Por comodismo, por conservadorismo. Porque acham que nada podem fazer, nem sabem que algo se pode mudar. E aqui há culpa também de quem nunca foi a eleições com um programa de ruptura, que fizesse perguntas incómodas e chama-se os associados à discussão do modelo de funcionamento do Montepio. Trocam-se umas acusações veladas, e pouco mais.

Eu tornei-me associado do Montepio, para onde transferi os meus trocos, há cerca de 2 anos. Na altura enviei uma carta a fazer algumas sugestões, nem sequer eram radicais por aí além. Nunca recebi resposta. Nas eleições que tiveram lugar em 2009 votei na "oposição". Tive pena que o Eugénio Rosa não estivesse envolvido numa lista para a Direcção, mas apenas para a Assembleia Geral. Teria votado nele. Acho que os partidos e movimentos de Esquerda deviam seriamente pensar em apostar num projecto de mudança do modo de funcionamento do Montepio, tornando-o num modelo de que como a banca devia funcionar sob uma prespectiva de Esquerda.

Anónimo disse...

Dívida grega ronda os 360 biliões de Euros, segundo o compositor Mikis Theodorákis!- Num artigo divulgado ontem, o célebre compositor e antigo ministro denuncia uma " espécie " de complot internacional contra a Grécia; e fala das perspectivas de grandes jazidas de petróleo e minério na plataforma marítima grega. Niet