03/05/10

Futebol, Golfe e "Mouros"

O Bruno Sena Martins podia falar do jogo de futebol de ontem. Ou podia falar da violência que antecedeu e acompanhou o jogo. E que não é "normal" nos jogos de futebol. O que aconteceu ontem é a excepção e não a regra e por isso merecia ser condenado com mais veemência. Ou ser condenado minimamente, pronto. Mas o Bruno preferiu alinhar na conversa regionalista de Pinto da Costa e Fernando Madureira e vem falar de "jornalistas de Lisboa", assim como quem não quer a coisa, sendo que, na verdade, está apenas a falar de "A Bola"... Mas, é claro, formulações abusivas e genéricas, se for no futebol, não é grave, que é tudo a feijões...

A conversa dos "mouros" de Lisboa, convém ao Bruno aperceber-se disso, não é mero folclore. Se existe algum sítio onde ainda persiste a ideia de uma separação racial entre norte e sul, é no futebol e na rivalidade Porto-Benfica. Ora, o mero folclore nunca é mero folclore. Que o Bruno não se importe com isto, revela apenas a pouca importância que dá ao futebol. E que está na inversa proporção do fanatismo com que escreve sobre o tema. Aliás, a prática é comum a outros intelectuais, todos eles, é claro (e sem ponta de ironia), menos estimáveis e admiráveis do que o Bruno. Com efeito, sempre que falam de futebol, tipos como o Guilherme Aguiar, o Dias Ferreira e o nosso amigo Bagão Félix esforçam-se por se mostrar tão fanáticos como o comum dos adeptos. Não percebem, aliás, que o comum dos adeptos não é assim tão fanático como eles próprios fazem por parecer quando se lançam à procura do seu momento de "loucura" diária. E que lhes permite depois regressar à mansidão da superioridade intelectual dos seus ofícios.

A conversa dos "jornalistas de Lisboa" em que o Bruno agora alinha traz consigo a marca de um regionalismo perigoso, que não convém alimentar. Eu, sinceramente, fico um pouco assustado quando vejo adeptos da principal claque do FC Porto prontos a receberem os "africanos" de Lisboa e a dizer para que estes se perfumem de modo a não empestarem o Porto com "cheiro a catinga". O Bruno não fica assustado com isto?

Pronto, se calhar sou eu, que sou do Benfica e estou é a tentar disfaçar a derrota de ontem e mais uma época negativa do meu clube. Embora também, confesso, fique preocupado quando, no Estádio da Luz, ouço adeptos a "macaquearem" os urros de um jogador que seria tanto mais macaco quanto mais preto fosse.

2 comentários:

João disse...

“Não foi um jogo normal, certo, mas infelizmente este tipo de excepção é recorrente – não só no Porto, sublinhe-se.”

E é isto, ponto final. Alguém viu este tratamento jornalístico quando o autocarro do Porto foi apedrejado em Setúbal, quando um autocarro de adeptos foi incendiado, quando a viatura pessoal de Pinto da Costa foi apedrejado em Alverca, quando uma equipa de hóquei foi selvaticamente atacada e o Filipe Santos ficou em coma, quando determinado presidente orelhudo aparece em relatórios policiais e pedir às forças da ordem que “aliviem” juntos dos NN, que deixassem entrar as tochas e petardos para os adversários verem o que era o Inferno da Luz..

.. aliás, alguém viu alguma peça sobre os petardos e cadeiras que os adeptos do Benfica arremessaram para adeptos comuns do Porto nas bancadas ao lado? Golf? Conheço muito bem. O carro e o desporto. Mas estive no estádio e não vi UMA (!!) bola de bola, quanto mais centenas. Admito que possa ter sido arremessadas mas então essas centenas (!!)? Onde estão as fotografias do banco com centenas de bolas de golf lançadas?

Hoje já se sabe, e pode comprovar-se aqui (http://reflexaoportista.blogspot.com/2010/05/vidros-partidos-o-antes-e-o-depois.html) que o apedrejamento do Benfica foi manipulado e, pelo menos, muito empolado, pela direcção do Benfica, provavelmente em conluio com a SIC.
SIC que abriu as reportagens sobre o jogo com os incidentes e só à 3ª peça se começou a ver futebol.

Então quando são os adeptos do Porto agredidos, porque não é assim também? Quando Jesualdo não conseguia sair da protecção do banco, no ano passado na Luz, tantos objectos choviam ali, alguém ouviu falar disso?

Como é que o directo de comunicação entra em directo no programa Dia Seguinte para um direito de resposta a que mais nenhum cidadão, jogador, dirigente ou árbitro tem direito? Como é que determinado presidente orelhudo entra pelas instalações e invade esse mesmo programa?

E são estes jornalistas que é perigoso chamar “de Lisboa”? Pois é. É perigoso. E redutor. Não são de Lisboa. São jornalistas de cachecol e mais vezes que poucas colocados e mandatados pela direcção do clube.
É preciso lembrar o que aconteceu a Ferreira Fernandes (conhecido benfiquista) no Record quando se atreveu a colocar em causa o título de há 5 anos?

E há dúvidas que isto tudo é para desviar as atenções do facto de o Benfica, com o onze (catorze) tipo ter levado 3 bolachas das sobra do estaleiro do Porto a jogar com 10, indevidamente, e acabar o jogo com 3 jogadores a mais em campo.

Ora se não podem falar de futebol, tinham que falar de arbitragem. Como também não podem falar de arbitragem, falam doutra coisa qualquer.
É vergonhoso o que se passa com a CS actualmente, no que diz respeito a futebol.
E o resto é conversa.

Jorge Oliveira disse...

Não se distraiam com o acessório - em jogo o FCP foi superior e é disso que devem falar.
Quanto oa resto já estamos habituados. Temos má imprensa, pagamos os gestores em Lisboa e pagamos as SCUT para que no Sul não as paguem.
Se querem outro discurso no Norte, outro sentimento, têm de tratar o Norte com JUSTIÇA.
Até lá continuaremos a lutar (mesmo com bolas de golfe a fingir)