03/05/10

O laicismo não passou por aqui


E alguma vez passará?
Este magnífico Palácio da Felicidade, onde estive hoje em Punakha, no Butão, é um misto de grande complexo administrativo e religioso. Numa ala, funciona um tribunal e o governo distrital, por cima moram monges, em frente há um grande templo, obviamente budista, com três altares com estátuas de personagens que, em Portugal, poderiam corresponder a Cristo, ao Cardeal Saraiva Martins e a Afonso Henriques – este último com uma foto de Cavaco aos pés. E isto passa-se mais ou menos assim em todos os dzongs do país - muitos e arquitectonicamente lindíssimos.

Sendo o budismo religião de estado, este curiosíssimo povo não mata qualquer espécie de animal, mas isso não o impede de regularmente os comer: carne e peixe fazem parte da alimentação, alegadamente porque a altitude o exige sob pena de envelhecimento precoce… Mas, antes de meter a garfada à boca, reza-se uma oração pelo bicho que vai ser ingerido. Quem mata então os ditos animais? Os vizinhos hindus, sem qualquer tipo de problema – ou seja, o ecumenismo em todo o seu esplendor.

Ainda não perdi a esperança de perceber melhor o que é o Gross National Happiness que há tanto me fascina. Amanhã ouvirei uma explicação e já pedi que me arranjassem um livro. Quem sabe se a troca do PIB pelo GNH não ajudará um dia a resolver muitos problemas dos nossos atormentados PEC’s!

1 comentários:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana,
Atenção, que o PIB não é o indicador mais fundamental para medir a riqueza na Economia de Mercado, aquilo que um sistema em condições ideais de concorrência permite maximizar, mas sim o que em inglês se designa por "welfare" e em português poe "bem-estar".
A diferença reside no facto de o PIB medir as transacções pelo seu valor em dinheiro (tu compras o m3 de água a 1€), mas o "bem-estar", pelo excesso de valor que os bens adquiridos têm para o consumidor relativamente ao preço a que os adquire (quanto estarias disposta a pagar por cada m3 de água que compras a 1€?), e para a empresa relativamente ao preço a que os vende (o lucro neste caso).
Como as curvas da procura são indeterminadas, só se conhecendo os pontos que correspondem a transacções concretizadas, não é possível fazer cálculos do "bem-estar" global, se bem que seja possível provar que é maximizado em condições de concorrência ideais.
A micro-aconomia no Butão...