A) Reina a ordem em Atenas: as medidas de austeridade vão em frente e o governo consegue travar o crescimento da divida grega (o que implica transformar um deficit de 13% num superavit). Tal implicará uma brutal redução das despesas e/ou aumentos de impostos (mais do que os tais 13%, já que como a economia vai retrair-se, a receita também vai diminuir), falências em cadeia e um desemprego altíssimo durante anos.
B) Solução "nacionalista burguesa": a Grécia suspende os pagamentos da divida externa, congela as contas bancárias durante alguns meses e abandona o euro, desvalorizando o "novo dracma" para estimular as exportações. Também irá haver austeridade neste caso mas talvez menos intensa, já que a suspensão do pagamento da dívida reduz logo o deficit orçamental; com a desvalorização da moeda, a crise económica pode ser menor, já que a contração na procura interna será em parte compensada pelo aumento das exportações.
C) Solução social-democrata pan-europeia: a UE assume a dívida e a direcção da politica orçamental grega (e, a média prazo, do conjuntos dos países da zona euro). Pouco provável devido à oposição alemã (mas quando os dominós - Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda, Itálias e uma carrada de bancos comerciais - começarem a cair, pode ser que isso se altere)
D) Solução (mais ou menos) revolucionária: com a crise económica, o poder cai na rua e grande parte das empresas à beira da falência são ocupadas pelos trabalhadores que as repõem a produzir.Haverá também uma contracção da economia, mas compensada por uma melhor distribuição. Este hipótese em estado puro é pouco provável, mas já me parece mais expectável uma mistura entre esta hipótese e a "solução nacionalista burguesa" atrás referida (no fundo, foi o que aconteceu na Argentina).
Os desfechos que acho mais prováveis, apesar de tudo - o B) e o C).
08/05/10
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4 comentários:
caro miguel,
o que é pena, continuando a conversa em tom de "experiência de laboratório", no caso argentino, é não sabermos o que sucederia se a crise de início do século tivesse ocorrido anos mais tarde, quando a situação política de Brasil, Venezuela, Equador e Bolívia (todas elas muito diversas entre si, assinale-se, acrescentando o meu pró-evismo em detrimento dos pró-chavistas ou dos pró-lulistas) estava mais à esquerda...
Aí talvez a coisa tivesse tido uma formulação mais itneressante: tipo b) + d)
ou melhor, tipo c) + d), isto é pan-europeismo (no caso, pan-sulamericanismo social-democrata e revolucionarismo/comunismo de base)
abç
Hello, M. Madeira: O presidente do Conselho Científico da ATTAC- France, D. Plihon, esteve em Atenas e concedeu uma entrevista ao Libé. O que ele diz de relevante?:1) O plano do FMI/E. Europeia pode mesmo agravar a crise económica grega, no médio prazo. Por causa das medidas assimétricas de austeridade: as élites gregas- médicos, arquitectos e advogados-não declaram os rendimentos para imposto; 2)Paralelamente ao polémico(e mortal) incêndio do banco, um Centro Fiscal também o foi- supondo-se, afirma o dirigente da ATTAC-France, por existirem listings de individualidades com fugas aos impostos; 3) O peso da economia subterrânea atinge cerca de 15 por cento do PIB grego;4) O dirigente denuncia, por outro lado,que o FMI continua a aplicar as famigeradas medidas de " ajustamento estrutural "na economia dos países em crise, o que irá ter efeitos dramáticos na superação da crise económico-financeira grega, segundo perspectiva D. Plihon. Niet
espera pela solução "mais ou menos" revolucionária...
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