04/11/10

A China aqui tão perto: um post, uma sugestão e uma dúvida

1. Transcrição integral, com a devida vénia, deste post da Joana Lopes no Brumas:

«A embaixada chinesa em Oslo enviou cartas oficiais a várias embaixadas europeias na Noruega a pedir para as mesmas não se fazerem representar na cerimónia de entrega do Nobel da Paz a Liu Xiaobo, agendada para 10 de Dezembro» e «nas últimas semanas em Pequim, diversos diplomatas de diferentes países foram chamados para encontros com oficiais chineses, que lhes endereçaram pedidos semelhantes aos constantes das cartas da embaixada chinesa na Noruega».
Telenovela a seguir com interesse até ao seu desfecho, sem que me passe pela cabeça que a sessão venha a ser anulada: registaríamos, nesse caso, um verdadeiro salto civilizacional.
Mas será interessante assinalar presenças e ausências em Oslo, com uma especial atenção para a agenda do nosso bem-Amado e seus representantes.
É já depois de amanhã que o presidente Hu Jintao chega a Lisboa, em visita oficial de dois dias, e entre promessas de uns trocos para comprar a dívida portuguesa, e outras de importar umas toneladas de rolhas, é bem possível que, algures num corredor de Belém, seja sussurrado o nome de Liu Xiaobo como se do lobo mau se tratasse.


2. Uma sugestão e uma dúvida:

a) Exigir por toda a blogosfera e meios de comunicação disponíveis que a República Portuguesa esteja oficialmente representada na cerimónia de Oslo. A exigência, por desgraça, terá de ser informal, uma vez que já não há tempo — creio eu — para organizar uma petição.

b) Não é estranho que quem tanto protesta — como José Casanova e outros seus camaradas de partido — contra os políticos que, por vezes contando, de resto, com os votos do PCP, entregaram, "enfiando a cabeça [do país] no cepo da UE",  "a soberania e a independência nacional ao imperialismo norte-americano e à sua sucursal que dá pelo nome de União Europeia", não tenha uma palavra para denunciar as ambições imperialistas e neo-colonialistas da RPC e as suas intenções de impor uma precariedade global ao serviço dos interesses de potência da sua "sociedade harmoniosa", bem documentadas nas "promessas de uns trocos para comprar a dívida portuguesa" e eventualmente as de outros elos mais fracos da UE? Ou teremos de supor que as autoridades de Pequim enviaram algum sub-adido "trocar ideias e experiências" com os dirigentes do partido-irmão local e que as suas recomendações fraternais de calar o bico foram acatadas com entusiasmo militante pela Soeiro?

5 comentários:

Joana Lopes disse...

Miguel,
Acho que a petição que propões é uma óptima ideia e claro que há tempo, já que a entrega do prémio só tem lugar a 10 de Dezembro. Avança!
A «blogosfera» não tem voz...

Miguel Serras Pereira disse...

Joana, eu avançar, avanço com a assinatura, mas não faço a menor ideia da maneira de pôr a petição em linha. Não queres tu avançar, dispondo desde já, claro, do meu nome?
Abrç

miguel (sp)

Joana Lopes disse...

Miguel,
Vou sair do país durante mais de duas semanas, pelo que não posso ficar com esse encargo - o que, caso contrário, aceitaria já.
Encontrarás por aí quem o faça, estou certa.

Miguel Serras Pereira disse...

Joana,
já enviei um mail ao Miguel Cardina pedindo-lhe assistência.
Seja como for, deixo aqui o texto sobre o qual nos pusemos de acordo e que antecipadamente subscrevemos. Talvez ajude.


Ao Presidente da República Portuguesa
Ao Presidente da Assembleia da República
Ao Primeiro-Ministro e membros do Governo

Os signatários saúdam como uma boa notícia para a causa global da defesa e extensão das liberdades e direitos democráticos em todo o mundo a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo.
Sendo assim, e perante as notícias difundidas nas últimas semanas dando conta das pressões exercidas pela diplomacia chinesa junto das autoridades de diversos outros países em vista de estes não se fazerem representar na cerimónia da entrega do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo, chamam a atenção da Presidência da República Portuguesa, da Assembleia da República e do Governo para o facto de que a eventual ausência de representação da República na referida cerimónia equivaleria a uma capitulação intolerável perante as pressões das autoridades chinesas. Por isso, exigem que Portugal esteja oficialmente representado em Oslo, saudando o Nobel da Paz Liu Xiaobo.

Anónimo disse...

O texto de Miguel Serras Pereira é idiota de fio a pavio.
Beba chá, querido. Beba, beba. Beberrique chá com a representação da República.