17/05/10

Até vem na Wikipedia, dr. Pacheco Pereira


Ontem, em zapping, devo ter visto dois minutos do programa semanal Ponto Contra Ponto (ainda não em linha, até ao momento), precisamente quando JPP se referia, criticando, a uma notícia que tinha classificado o estado do Vaticano como «uma monarquia absoluta».

Acontece que é verdade:

O facto de ser uma monarquia electiva não lhe retira a característica de absoluta, já que o papa concentra os três poderes: legislativo, executivo e judicial. Electiva porque não pode ser hereditária, claro - pelo menos até ver!

P.S: - Já depois de escrever este post, vi que Ricardo Alves se referiu ao mesmo facto no Esquerda Republicana, citando a página oficial do Estado do Vaticano, onde se confirma, expressamente, a característica de «monarquia absoluta» do Vaticano.

(Publicado também aqui)

5 comentários:

MFerrer disse...

Não é electiva, não é electiva mas...sempre chamam de "cadeira de Pedro" a uma coisa onde nunca se sentou qualquer Pedro...
O Pacheco está no ocaso da sua credibilidade e isso custa!

Joana Lopes disse...

Electiva é: pelo conclave dos cardeais, até haver o tal fumo branco...

Porfirio Silva disse...

Joana, as monarquias "normais" nem sempre foram hereditárias. Para não ir mais longe, nos reinos visigóticos há experiências históricas de monarquias electivas. O absolutismo, de facto, não tem necessariamente a ver com a origem do poder. Tem, sim, a ver com uma teoria acerca da origem do poder: a teoria de que o poder "vem de cima". É o caso.

Caro MFerrer, todas as instituições têm "mitos", não seja demasiado "objectivista" a olhar para a história, porque nesse caso haverá muitas coisas que não compreenderá mesmo fora da ICAR.

Joana Lopes disse...

Claro, Profírio, a referência á hereditariedade foi jocosa por se tratar do papa, onde ela esta em principio excluída...
Absolutismo pela origem do poder e também pela concentração de poderes, certo?

Porfirio Silva disse...

Sim, Joana, a concentração de poderes é o absolutismo, a teoria da origem do poder é a justificação. É que nem toda a gente sabe que a actual organização da ICAR nem sempre foi como é e em tempos foi coisa muito discutida. Tal como a "infalibilidade papal" (apesar de ela não ser o que muitos pensam, porque só há pretensão de infalibilidade em circunstâncias específicas) não existiu sempre. Quero eu dizer: valia a pena saber mais de história das instituições para perceber como as coisas são "man made". Mas, de todo, nada disto se opõe ao que a Joana escreve: apenas comento, de passagem. (Ah, para alguns papas a coisa da hereditariedade não seria problema, claro está...)