"O Presidente da República exigiu esta quarta-feira dos líderes políticos um "acordo de médio prazo entre os partidos que subscreveram o Memorando de Entendimento com a União Europeia e com o Fundo Monetário Internacional, PSD, PS e CDS” assente em “três pilares”, a saber, eleições antecipadas para Junho de 2014, apoio dos três ao governo que se mantiver em funções até lá e apoio dos mesmos ao Governo futuro".
Se, como parece forçoso concluir, Cavaco condiciona o seu beneplácito à antecipação das eleições a partir de Junho de 2014 à celebração de semelhante "compromisso entre os três partidos ["do arco da governação"] que assegure a governabilidade do País, a sustentabilidade da dívida pública, o controlo das contas externas, a melhoria da competitividade da nossa economia e a criação de emprego", é caso para dizer que a "salvação nacional" em que aposta reteve bem a lição da JP Morgan, e faz suas as exigências por ela professadas — a saber: que as liberdades e direitos democráticos são um entrave à optimização da racionalidade capitalista e a uma política que garanta a prioridade da sua economia.
Assim, nunca deploraremos demais que a esquerda oficial — da do "arco da governação" à "revolucionária" — continue a ser impedida, senão pela sua "natureza de classe", pelo seu modelo classista de pensamento e organização, de, tirando disso as consequências que se impõem, fazer sua a ideia de que só a extensão da democracia, a começar pela democratização das próprias fileiras, poderia abrir caminho a uma alternativa anticapitalista, em vez de se limitar a exigir outro governo, que deixará intacta e confirmará a distinção (classista) entre governantes e governados, que continuará a expropriar-nos do exercício efectivo do governo dos cidadãos, tanto na esfera política oficial, como na esfera, não menos política, da ordem económica estabelecida.
10/07/13
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20 comentários:
Miguel,
Existem três aspectos que fazem da bandeira do "governo de esquerda" uma mera panaceia.
Em primeiro lugar, é eleitoralmente/matematicamente impossível um governo de esquerda sem o PS. Ora, como o PS continua amarrado ao memorando da austeridade, é de facto bizarro que o PC e o BE veiculem essa palavra de ordem quando sabem perfeitamente que teriam de conviver com um partido favorável à austeridade. Ainda por cima, esse seria o partido maioritário. Concluo daqui que a esquerda oficial anda a atirar areia aos olhinhos dos seus militantes e dos seus potenciais votantes. Dentro deste primeiro aspecto mais pragmático, a bandeira do governo de esquerda é puramente demagógica.
Em segundo lugar, mesmo que o PS rompesse com a austeridade da troika, como é possível romper com a austeridade no seu conjunto se todas as políticas preconizadas pelo PC e por alguns sectores do BE são totalmente nacionalistas e viradas para a tese demencial da dissolução da UEM? De facto, é triste ver gente da esquerda (nomeadamente do BE e de sectores relativamente próximos) a andar completamente a reboque das iniciativas e das palavras de ordem do PC. Cabe perguntar: mas alguém de bom senso acha que num governo de esquerda o PCP não utilizaria a sua presença para difundir as suas teses demenciais da saída do euro, do anti-germanismo e do fomento dos ódios nacionais?
Em terceiro lugar, é espantoso como a unanimidade à esquerda tem passado nos últimos tempos no mero clamor por novas eleições. Ora, já é péssimo que os militantes da esquerda caiam na cantilena que apenas serve para alçar novos candidatos a gestores a postos de poder. A somar a isto temos a mera proclamação vazia de eleições e sem qualquer conteúdo político. Ora, desde quando é que a substituição de caras e de cores políticas modifica o que quer que seja em termos de orientação de fundo das políticas de austeridade e de ataque aos direitos dos trabalhadores? Desde quando é que as eleições só por si resolvem o que quer que seja? Espantoso como as únicas coisas que os eleiçoeiros defendem são meras palavras de ordem genéricas como "eleições já", "salvar Portugal", "libertar Portugal do jugo alemão e da banca", etc. Felizmente os trabalhadores são mais inteligentes do que a esquerda oficial e não compareceram nas suas manifestações patéticas a pedir eleições (nem a CGTP conseguiu mobilizar nada por aí além no sábado passado).
(cont.)
Miséria dos nossos tempos em que aos capitalistas que nos esmagam todos os dias, a outra via que nos é oferecida ainda consegue ser pior. Como construir uma via que rompa com os dois capitalismos em confronto, só a auto-organização dos trabalhadores a partir das suas necessidades concretas e a partir de um movimento horizontal e democrático pode trazer alguma mudança. Mas para isso só os trabalhadores por si mesmos, conscientes e libertos de iluminados que decidam e pensem por eles, poderão abrir espaço a um outro caminho. Sem a espontaneidade de milhões de trabalhadores simultaneamente numa base internacional e organizados nos locais de trabalho nada feito. Não se trata de pessimismo da minha parte, até porque o que relato já sucedeu no passado e esperemos que algo aproximado possa surgir. Creio que só com uma crítica simultânea aos capitalistas actualmente dominantes e aos candidatos a capitalistas estatais da mais-valia absoluta essas alternativas autonomistas, libertárias e democráticas podem realmente singrar. Se formos a ver bem, nem são os capitalistas clássicos que muitas vezes conseguem derrotar as mais vigorosas iniciativas dos trabalhadores. Pelo contrário, é a esquerda dos gestores que geralmente captura as lutas e as redirecciona para a regeneração de novas formas capitalistas. Se não fosse a esquerda dos gestores se calhar os capitalistas nunca teriam conseguido vencer duradouramente as sucessivas lutas sociais de base...
É este ponto que muita gente não percebe porque eu e vários de nós criticamos a esquerda dos gestores. Ora, aqui está a resposta: porque essa esquerda só serve para encaminhar as melhores energias e expectativas dos militantes e activistas para a recomposição do capitalismo. E que no caso português ainda é pior porque essa recomposição seria nacionalista até à medula e porque essa recomposição faria da austeridade uma brincadeira de meninos.
Abraço!
Caros e caro JVA em particular,
Percebo o que v. diz e subscrevo, mesmo quanto à parte um pouco deseperada, que a situação não é para menos...
No entanto, cabe-nos tentar vislumbrar onde estão as forças que podem permitir uma confluência positiva para a esquerda. Qualquer outra posição equivale a baixar os braços.
Pode dar as voltas que quiser, que o problema reside na impossibilidade de definir um programa realista que se demarque claramente das duas opções hoje oferecida : colagem à direita cinica na esperança de dias melhores, colagem a uma postura infantil e milenarista de birra populista.
Para haver forças intermédias, tem de haver prospostas consistentes entre esses dois extremos. E a consistência de uma proposta mede-se, entre outras coisas, pela sua capacidade de compôr com as outras. A oposição radical e o autismo nunca levaram a lado nenhum...
Um exemplo : eu estou completamente de acordo com o que v. diz acerca da posição do PC sobre a Europa. Acho infantil, e completamente contraproducente. No entanto, estar na Europa, tal como ela existe hoje, é estarmos num processo de construção, com o que isto implica em termos de negociação. Nessa perspectiva, ninguém deve abandonar por completo a noção de que a integração não pode ser um cheque em branco nem é sustentavel a posição de um Estado que declara logo à partida que aceitara qualquer preço e suportara qualquer tipo de exigências. Portanto não me transtorna a ideia de falarmos com pessoas que nutrem reservas em relação à Europa. Antes vejo nessa perspectiva a maneira mais pratica e eficaz de fazer com que essas reservas diminuam progressivamente (por exemplo atravês da responsabilização numa postura de negociação).
Havendo uma proposta politica concreta que ocupe o espaço que v. descreve : realista, em fase com a realidade internacional e europeia em que estamos inseridos e norteada pela procura efectiva de mais justiça social, a qual tera necessariamente beneficios, nomeadamente em termos de crescimento economico, a questão de saber quais são as forças que se vão reclamar dela é (relativamente) secundaria. Sera a esquerda do PS. Sera o BE (que devia ocupar esse espaço). Pouco importa. O que importa é que, em vez de fugir dessa posição como de um precipicio, e de fugir para o centro, ou para o extremismo, as forças politicas vão pelo contrario aproximar-se desse ponto. Incluindo as do PCP...
Boas
Ola de novo,
Não é "impossibilidade de definir um programa realista" (que isso sim, seria baixar os braços), mas antes "dificuldade em definir um programa realista"...
Enfim, v. perceberam.
Boas
Caro João Viegas,
antes de mais, bem-vindo de volta a este estaminé.
Sobre a questão da tal força política concreta que fala. É evidente que eu aplaudiria se tal fosse possível. Tudo o que pudesse realmente minorar a austeridade e propor algumas medidas para modificar um pouco o tecido económico português seria sempre positivo. Creio que o BE tentou pensar em algo do género disso até ao cataclismo das eleições de 2011.
Contudo, a derrota eleitoral do BE nessa altura não apenas colocou em causa a parte mais positiva do seu programa político como o colocou claramente a correr atrás do PC. Por dois motivos. Primeiro, porque o PC ficou à frente do ponto de vista eleitoral. Ou seja, o PCP é talvez o único partido que vem de uma linha estalinista/leninista e que tem uma votação mais expressiva e que, neste momento, está muito melhor cotado nas sondagens do que a esquerda do tipo que o BE pretende representar. Em segundo lugar, essa derrota eleitoral e a perda do lugar hegemónico do espaço à esquerda do PS (quem não se lembra do BE marcar muitas vezes a agenda mediática antes de 2011?) fizeram com que as debilidades políticas daquele projecto saltassem à vista. Ou seja, o BE neste momento procura sobreviver, já não parece ter grande ânimo próprio de criar iniciativa política. Isso leva, por exemplo, à situação absolutamente caricata de a corrente maioritária continuar contrária a uma saída do euro mas estar aberta a alianças com sectores de esquerda (do PCP, alguns dentro do PS e mesmo do BE) favoráveis a saídas nacionalistas... Ou seja, quando um partido/organização já não tem bem definido o percurso que quer traçar , então esse partido está completamente desorientado e vai completamente a reboque de forças que, pelo contrário, são coerentes, disciplinadas e estão mentalizadas dos seus objectivos. Os coerentes arrastam sempre os incoerentes. Os organizados e disciplinados arrastam sempre os desorganizados e desorientados. Aliás, não por acaso na própria extrema-esquerda muita gente prefere não fazer uma crítica consequente à esquerda dos gestores, o que por si só é demonstrativo da vitória dos nacionalistas de esquerda (organizados) sobre os desorganizados. Claro que devemos criticar o pressuposto que anima esses tais organizados. Foi aliás isso que fiz nos comentários anteriores. Aqui o que me interessa é somente descrever os processos como as forças políticas à esquerda se empurram ou se puxam mutuamente. De onde vem a bússola neste momento, não tenho muitas dúvidas. Infelizmente, uma esquerda, como a que o BE representa, que não saiba e que não queira criticar os perigos que se vão forjando no seu seio e nas organizações que pensa poder partilhar poder será, a prazo, uma esquerda condenada a ser engolida pelos que não claudicarão nos seus intentos.
Abraço
Ola,
O panorama, de facto não é animador.
E' no entanto razoavel esperar que as forças demagogicas, por mais "organizadas" que sejam, acabem por se embrenhar na contradição insanavel que ha entre a "organização" e a ausência total de quaisquer resultados reais e mensuraveis.
A esquerda, não o esqueçamos, nasce da exigência de resolver esta contradição : não se contenta com amanhãs que cantam, procura ter resultados efectivos.
Igrejas ha muitas e, infelizmente, não é de esperar que acabem depressa. Mas elas combatem-se sempre da mesma maneira : pela demonstração de que a realidade não se cinge ao espaço da cela do mosteiro, nem nasce como por milagre do choque de quem bate com a cabeça na parede. Ou seja, combatem-se abrindo a janela...
Convenhamos que é dificil guardar a esperança nas alturas de crise e de histeria, como esta que vivemos hoje.
Nestas alturas socorro-me do conselho do meu amigo Tiennot Grumbach : "il faut savoir écouter pousser le blé".
Abraço
Cavaco, Vias de facto e "crise política"...
Uma coisa que não entendo, mais uma, no Vias de Facto é que apesar de reunir pessoas que tem uma visão crítica da política (para não dizer anti-política), e deste sistema, quase se resume nos textos aqui editados a falar de "política" e principalmente do espectáculo político que é pensado, e desenhado, pelos grupos e classes dominantes. Ou seja, continuamos dentro do quadro e das regras que nos vão ditando os donos do Poder.
Será que não está na hora de ignorar os factos políticos ditados de cima, e pelos seus meios de alienação de massas, e passarmos a escrever e falar dos que nos interessa realmente.
"Um exemplo : eu estou completamente de acordo com o que v. diz acerca da posição do PC sobre a Europa. Acho infantil, e completamente contraproducente. No entanto, estar na Europa, tal como ela existe hoje, é estarmos num processo de construção, com o que isto implica em termos de negociação. Nessa perspectiva, ninguém deve abandonar por completo a noção de que a integração não pode ser um cheque em branco nem é sustentavel a posição de um Estado que declara logo à partida que aceitara qualquer preço e suportara qualquer tipo de exigências. Portanto não me transtorna a ideia de falarmos com pessoas que nutrem reservas em relação à Europa. Antes vejo nessa perspectiva a maneira mais pratica e eficaz de fazer com que essas reservas diminuam progressivamente (por exemplo atravês da responsabilização numa postura de negociação)."
O JVA é um anti-PCP portanto não espere nenhuma honestidade da parte dele. Para mim é um infiltrado de direita a fazer-se de esquerda.
De resto, o PCP mantem o seu acordo com a inclusão de Portugal na UE sendo que sugere sim que se debata e até se prepare no que for possível a hipótese de a saída do euro ser necessária para inverter um empobrecimento constante.
De resto, sabe porque é que este pessoal chama o PCP de nacionalista?
É que o projecto deles para Portugal só é viável na medida em que Portugal desaparecer como uma entidade política revestida de alguma autonomia decisória.
Portanto, uma vez que o projecto deles depende de sermos tutelados a par e passo pela comissão europeia, representante, por sua vez, dos interesses do grande capital e dos países mais poderosos, eles vão chamar fascistas a quem ouse falar em soberania nacional.
Já há muito que passaram aqui a censurar os meus comentários por isso esse deve também ir para o lixo, em todo o caso reafirmo que o vosso caminho é o do federal-fascismo.
Chamos federal-fascismo à diluição dos poderes locais (países e suas regiões) no poder central da UE por sua vez colonizado pelo grande capital. Poderão ver como Cavaco Silva já quer que as eleições não contenham nenhum elemento de escolha, ou seja, os portugueses que votem mas quer três partidos já pré-comprometidos com o mesmo programa. É isto, os pequenos passos para o Federal-fascismo que vêm sendo dados já há muito tempo.
São as vossas ideias que vão contribuir para acabar com a UE, para que a UE se torne um monstrengo.
João.
Caro Libertário,
mas repara que a ideia deste pequeno post é justamente pôr em evidência que devemos dar prioridade à luta política (ou contra a cena política burocrática e profissional) no terreno social e da auto-organização de contra-poderes, que de algum modo prefigurem e lancem as bases de um exercíco igualitário da deliberação e da decisão por parte dos cidadãos comuns, cuja autonomia governante é expropriada pelos aparelhos de direcção política económicos e administrativos.
Abraço
msp
Caro Miguel,
Pessoalmente, entendo a critica do Libertario como dirigida aos comentarios mais do que ao post e, tratando-se dos meus, devo admitir que a critica é fundada.
A questão é, como podemos razoavelmente esperar pesar fazendo totalmente abstracção da logica dos partidos, que é hoje a forma (inviezada) de exercer poderes ?
Esta janela também precisa de ser aberta (como diz muito bem o post), isso é para mim evidente. Mas confesso que não sei bem como, nem ao certo para onde é que ela da. Por isso mesmo venho aqui e agradeço o comentario do Libertario...
Mas uma coisa julgo saber, que me parece ser de esquerda : non potest artifex mutare materiam.
Abraço
Caro Miguel,
Não é isso que está em causa, o que criticava é o facto de estarmos atrelados a um certo "comentarismo político", que é uma peste do nosso tempo, a partir dos acontecimentos, criações, invenções e manipulações dos grupos dominantes e dos seus meios de alienação de massas.
Não haverá temas, acontecimentos e assuntos mais relevantes fora do quadro da política das elites dominantes? Também nós temos de estar sempre a comentar o que o Cavaco, o governo ou a comissão europeia diz ou faz? Não há vida, crítica e subversão fora do ruído político dominante?
A partir de uma postura anti-política libertária cada vez me é mais estranha a retórica política, cínica e demagógica, de todos os envolvidos na manutenção efectiva deste Sistema. E nestes incluo, como é óbvio PCP e BE que fazem o papel de palhaços deste circo.
Caros Libertário e João Viegas,
se entendermos por democracia - se se quise, democraia libertária - a plena pericipação igualitária dos "governados" nas decisões e regras que lhes dizem respeito e os vinculam, a democratização passa por mudar a forma de governar (a divisão do trabalho político), não podendo fazer-se através da conquista dos actuais aparelhos governantes (poder de Estado, postos de comando na direcção da economia). Que mais não seja porque as actuais formas de governo e representação são oligárquicas e classistas (reprodutoras da hierarquia e da dominação de classe) na sua arquitectura e funcionamento. A democratização de que falo não tem por objectivo promover melhores políticos ou revolucionários profissionais nem governantes (no aparelho de Estado ou nos aparelhos de direcção da economia e das empresas), mas um regime em que os cidadãos efectivamente governem entre iguais - a cidadania governante, como às vezes lhe chamo. Assim, a democratização começa pelas próprias fileiras, só pode começar por democratizar as formas de acção e luta política, privilegiando o terreno social quotidiano, instaurando a auto-organização de forças efectivas de contra-poder.
Claro que quem quer o mais, quer o menos. E por isso não nos podemos alhear das condições reais nem menosprezar as tarefas defensivas - o que faz com que o quadro institucional não nos possa ser indiferente, ou não possam ser-nos indiferentes as liberdades e direitos fundamentais secularmente conquistados, quando a oligarquia os ameaça.
Ora, se não me engano muito, embora com diferenças de ênfase, nenhum de vocês, Libertário e João Viegas, andarão muito longe de adoptar uma perspectiva semelhante à que aqui esquematizo.
Ou ter-vos-ei lido mal?
É tão giro ver-vos falar de democratização enquanto, aqui e no Passa Palavra, censuram comentários...pfff
João.
Comentador que, aparecendo como Anónimo, assina "João":
Não me lembro de ter recusado qq. comentário seu. Embora aquele em que V. insulta o JVA pudesse legitimamente sê-lo ao abrigo do "estatuto editorial" deste blogue ("Não serão publicados nem obterão qualquer resposta os comentários que (…) Sejam abertamente insultuosos ou de natureza difamatória, sobretudo se encobertos pelo anonimato ou equivalente"). É que há modos de discutir e arrazoar que são a melhor refutação de si próprios. Como acontece no seu caso.
Passe bem - e de largo, por favor.
msp
Um esclarecimento.
O comentador "João." até que tem razão quando fala na existência de infiltrados de direita a passar-se de esquerda. Parece óbvio que o comentador João está a referir-se ao PCP e à CGTP, organizações que se apresentam de esquerda mas que, na prática, defendem medidas políticas coincidentes e concordantes com a extrema-direita nas matérias mais relevantes da nossa actualidade: euro, defesa da soberania nacional, estatismo, anti-germanismo, capital parasitário vs capital produtivo, etc.
Um grande bem-haja ao comentador "João." pela sua sagacidade na identificação dos reais contornos de certas organizações que se dizem de esquerda mas que defendem as mesmas medidas da direita mais extrema.
Este anónimo João andou há cerca de um ano na grande campanha de reabilitação do Materialismo vesgo e dialéctico, intemporal e sanguinário. Lembram-se? Agora aparece como comissário estaliniano a mover um processo kgbiano a JV Aguiar. Sem uma ponta de verdade, nem uma onça de pudor argumenta com os tiques e vícios da cartilha dos próceres empedernidos pela mais esquizofrénica e vil das mentiras. Tudo a soldo de quem? E com que intuitos funestos e contra-revolucionários? Niet
Caro Niet,
eu cheguei a ter funcionários do PCP a insultar-me em diferentes espaços da internet... Ora, se nós libertários não tivessemos pelo menos alguma razão no que dizemos então porque aquela gente estalinista perderia tempo a atacar-nos, individual e/ou colectivamente? Em suma, a nós não nos interessa discutir lugarzinhos no aparelho de estado. A nós interessa-nos interrogar os múltiplos mecanismos que da direita à esquerda dos gestores permitem manter esta sociedade assente no monopólio das decisões numa camada minoritária sobre a maioria da população. Naturalmente isso não traz honrarias e muito menos simpatias dos "nossos camaradas" gulaguistas.
Abraço
Enviei um comentário há umas horas em resposta a JV Aguiar que não foi publicado depois vem dizer que não censura.Não censura é pouco. Mas em todo o caso folgo em saber que a sua razão precisa de censurar opiniões adversárias para se sentir confortável.
Põe os amigos a chamar-me gulaguista e não me permite responder. Pois bem, cá entre nós o estalinistazinho é você que tem de fazer engenharias na caixa de comentários para não perturbar os raciocínios da casa.
João.
"eu cheguei a ter funcionários do PCP a insultar-me em diferentes espaços da internet... Ora, se nós libertários não tivessemos pelo menos alguma razão no que dizemos então porque aquela gente estalinista perderia tempo a atacar-nos, individual e/ou colectivamente?"
Segue mais um para você, amigo da liberdade, censurar:
é muito boa essa ideia de que os comunistas expressando desacordo com o que é dito significa a prova de que o que é dito tem alguma razão. É isto o conceito de prova de que se servem. É melhor estudar mais qualquer coisa sobre o tema.
Mas o mais patético é o sr Aguiar a fazer-se vítima, quase até de martir quando afinal nada mais ocorreu do que comentários críticos ao autor e às suas posições - ad hominem, dizem. Pois alguns concerteza. Mas e o quê? o autor não se serve do mesmo expediente quando lhe apetece?
João.
Duas notas
a) o comentador João presenteia-nos sempre com a sua vasta sabedoria sobre não-lugares. Pena é que os seus comentários NUNCA tenham a ver com o assunto do post em causa e que constituam uma forma de sabotagem à discussão (pontos 1 e 4 da política editorial de publicação de comentários aqui no blog).
b) se se reparar uma discussão política normal entre quatro pessoas passou logo a tratar de um assunto de insultos à minha pessoa. Depois o senhorzinho João ainda acha que tem o direito de fazer o que quiser deste espaço. Aliás, nós somos tão censores que até se aceitaram, se calhar indevidamente, comentários de um indivíduo que conseguiu dar cabo da discussão interessante que vinha ocorrendo nesta caixa de comentários. Creio que é essa a missão desse senhor: sabotar as discussões.
Para terminar. Nunca insultei pessoas ou o PCP. Pelo contrário, critico veementemente as teses políticas nacionalistas desse partido. Se os mestres da dialéctica acham que isso é a mesma coisa então o problema é deles e não meu. Não por acaso ninguém do PCP teve capacidade intelectual de rebater argumentos que várias pessoas na extrema-esquerda desenvolveram sobre o nacionalismo do PCP. Para os meninos da superioridade moral é sempre mais fácil arrumar as discussões com insultos e insinuações torpes. Só vos fica bem e só demonstra o que vocês fariam se fossem poder: todos os críticos iam de cana.
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