24/06/16
Brexit — Alerta Máximo
por
Miguel Serras Pereira
O resultado do referendo britânico nunca poderia ser bom. Fosse qual fosse. A vitória do Remain teria consagrado o estatuto especial do Reino Unido e significaria sempre "menos Europa", constituindo uma barreira, admitida e legitimada no quadro da própria UE, à integração orçamental, fiscal e política que continua a ser a única resposta realista à consumação do Brexit. Mas, se nunca poderia ter sido bom, o resultado do referendo britânico foi, também, o pior que podia ser. Abre caminho ao reforço do nacionalismo, da xenofobia e das forças neofascistas, não só no Reino Unido, como um pouco por toda a Europa e tanto basta para que todos os que não se resignam a desistir de afirmar a democratização como alternativa à absolutização do poder da economia capitalista governante e das suas oligarquias não hesitem em denunciar e combater as "esquerdas"— que se preparam para o celebrar e que o anteciparam com o mais imbecil dos entusiasmos suicidas — com a mesma intransigência com que devem combater o nacionalismo e os populismos soberanistas do Front national, do Pegida e tutti quanti. Não há alerta máximo que possa ser excessivo.
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1 comentários:
è isso Miguel, um reforço brutal das forças mais xenófobas e reaccionárias existentes no Reino Unido e um poderoso catalisador para todas as forças sinistras que pululam pela Europa, como bem referiste. O Brexit mobilizou em torno de ideias sinistras pessoas que vão de sectores xenófobos aos trabalhadores das industrias em declinío ou às pessoas agredidas pela perda de direitos. Um pouco segundo a mesma lógica que faz a prosperidade da Frente Nacional em França. A resignação de Cameron abre o caminho à dupla Farage+ Boris e num momento tudo muda para pior. As hipóteses de subir ao poder uma vontade politica que colocasse o acento tónico no reforço da democracia e na diminuição da desigualdade ficaram seriamente comprometidos. Para os defensores da tese do quanto pior melhor este é um grande dia. O dia em que as hipóteses de construir um espaço democrático no velho continente ficaram adiadas por muitos anos..
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