A respeito da morte de Erik Olin Wright, lembro aqui um texto que li dele há uns anos: "O que é neo e o que é marxista na análise neo-marxista das classes" [pdf], onde ele analisa a várias tentativas de adaptar o modelo marxista das classes sociais ao mundo atual (mesmo que fosse o mundo "atual" de há quase 50 anos...), incluindo a sua (a dos "lugares contraditórios de classe"). E dessas tentativas, a dele pareceu-me exatamente a mais bem sucedida.
Mais ou menos, é assim:
- burguesia: patrões de médias e grandes empresas
- pequena burguesia: trabalhadores por conta própria, sem ou quase sem empregados
- classe operária: assalariados não-autónomos sem funções de chefia
- lugar contraditório entre a burguesia e a pequena burguesia: patrões de pequenas empresas
- lugar contraditório entre a burguesia e a classe operária: assalariados com funções de chefia
- lugar contraditório entre a pequena burguesia e a classe operária: assalariados sem funções de chefia mas com alguma autonomia
Se fôssemos aplicar isso a um centro comercial, imagino que fosse assim:
- os funcionários que estão na caixa serão "classe operária"
- os supervisores e gerentes serão "lugar contraditório entre a burguesia e classe operária"
- um técnico de marketing (se não tiver subordinados) será "lugar contraditório entre a pequena burguesia e a classe operária"
- um senhor que tem a exploração da tabacaria à entrada do centro e trabalha lá sozinho, será "pequena burguesia"
-
uma senhora que tem a exploração de uma loja de roupa com 8 empregados
será "lugar contraditório entre a burguesia e a pequena burguesia"
-
os donos do hipermercado e do centro comercial (e, já agora, também os
donos da cadeia do franchising da loja de roupa) serão "burguesia"
Já agora, eu acho que sou "lugar contraditório entre a pequena burguesa e a classe operária"
[Post feito largamente copiando este de 2008]
25/01/19
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