21/03/11

Ainda sobre "intervenções estrangeiras"

Não tenho nada - muito pelo contrário - contra individuos irem combater ao lado de uma revolução num país estrangeiro com que simpatizam (como Byron na Grécia, Orwell em Espanha ou Guevara em Cuba).

Já tenho muitas dúvidas quando são Estados a fazer isso.

Poderá argumentar-se que tal é uma posição é um pouco irracional - afinal, se um individuo pode violar a soberania nacional de outro país, porque não um Estado? No fundo, pode-se dizer que um Estado não passa de milhares-ou-milhões-de-individuos-agindo-em-conjunto. Na verdade, creio que há algumas diferenças significativas (e talvez faça um post sobre isso) - uma das mais importates é a diferença que representam em termos de precedente -, mas reconheço que á capaz de ser uma opinião mais intituitiva que racional.

6 comentários:

Pedro Viana disse...

Caro Miguel, compreendo o que pretende dizer. No entanto, neste caso e em muitos outros anteriores, já houve antes uma intervenção de Estados, em favor de Kadhafi, armando-o até aos dentes. Proibir agora a intervenção de Estados em favor de quem está contra Kadhafi é equivalente a "mudar as regras a meio do jogo", em favor de um dos intervenientes na contenda: Kadhafi.

Anónimo disse...

O livro "O Quarto Kennedy" é interessante a respeito de precedentes numa democracia representativa, mesmo que possua mecanismos supostamente "avançados" (impedir o presidente de permanecer mais do que dois mandatos). Vivemos já em estado de excepção, reparem no que é o patriot act (e todo o aparato de segurança que apenas conseguimos imaginar que existe...)

Anónimo disse...

Pedro Viana: os Estados não intervieram quando o armaram. Ele abasteceu-se no "mercado".

Anónimo disse...

Analogias: deveria a ONU impedir que Pinochet tomasse o poder e deixasse o país realizar novas eleições? Caso os americanos tivessem tomado Cuba no desembarque da Baía dos Porcos, deveria a ONU restabelecer a ordem e deixar os cubanos realizarem eleições? (O que muito possivelmente resultaria numa esmagadora vitória das forças revolucionárias, nos dois casos)

Anónimo disse...

1 - as pessoas daquele país querem a intervenção dos estados unidos? é uma maioria, uma minoria?

2- as pessoas que vão morrer por causa dos ataques dos estados unidos são menos importantes do que aquelas que o estado Libio mata? ou são as chamadas casualties?

3- Os cidadãos norte americanos apoiam a guerra?

4- Porque não fazem o mesmo em todos os países autoritários e repressivos do mundo para serem coerentes?

5- e se os EUA ganharem? e depois? Os americanos vão ficar a controlar a região por tempo indeterminado como aconteceu no Afeganistão com medo que possa surgir um regime que não seja do agrado americano?

6- e se a guerra se tornar mais complicada do que pensaram, e se prolongar demasiado tempo com custo excessivo de dinheiro e de vidas?

perguntas que não se fazem. Obama prémio nobel da paz devia ter vergonha. As pessoas que lhe atribuíram o prémio deviam ter vergonha. A ideia de que um estado deve intervir noutro estado é algo que me escapa.

Tiago

Anónimo disse...

outra coisa

essas casualties não podem fomentar a criação do terroristas? nas familias destroçadas pelas bombas americanas, não existe a possibilidade de surgir meia duzia de terroristas?mesmo que se "salve" o povo libio

Porque é que instauramos um estado de medo e suspeita no ocidente, com perda das liberdades básicas muitas vezes, e continuamos a fomentar a criação de terroristas?

tiago