17/03/11

Sobre a zona de exclusão aérea sobre a Líbia

Se fizesse parte de algum órgão que tivesse que decidir sobre a zona de exclusão aérea, provavelmente iria abster-me - sinceramente, não faço ideia se isso é boa ou má ideia (o meu palpite é que vai ser bom para os líbios, mas pode ter o efeito colateral de incentivar uma espiral de intervencionismo na região).

4 comentários:

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Camarada Miguel M,

desta vez, creio que não estamos de acordo.
1. A derrota dos insurrectos na guerra civil em curso na Líbia não impedirá uma intervenção das potências ocidentais na Líbia. Significa apenas que esta se fará ignorando à vontade os pontos de vista e aspirações dos revoltosos e segundo os critérios mais convenientes aos governos da UE e dos EUA.
2. A derrota dos insurrectos será também um factor de desmobilização e enfraquecimento da vaga de revoltas que sacodem o Médio Oriente e o Mediterrâneo, visando a conquista de liberdades e direitos sociais e políticos. Animará os ditadores e autocratas da região a resistir. Terá o efeito inverso ao produzido pelas vitórias dos revoltosos na Tunísia e no Egipto: o rei de Marrocos pensará que, se Kadhafi pôde resistir, ele poderá fazer o mesmo; idem para os déspotas da Arábia Saudita ou do Irão, e tutti quanti.

Em suma, a intervenção explícita, controlada pelos combatentes anti-Kadhafi, será sempre menos prejudicial do que a vitória de Kadhafi e as suas consequências (interferência unilateral e travagem da vaga da mobilização popular na região).

Não te parece?

Abraço

miguel (sp)

Miguel Madeira disse...

"A derrota dos insurrectos será também um factor de desmobilização e enfraquecimento da vaga de revoltas que sacodem o Médio Oriente e o Mediterrâneo, visando a conquista de liberdades e direitos sociais e políticos. Animará os ditadores e autocratas da região a resistir. Terá o efeito inverso ao produzido pelas vitórias dos revoltosos na Tunísia e no Egipto: o rei de Marrocos pensará que, se Kadhafi pôde resistir, ele poderá fazer o mesmo; idem para os déspotas da Arábia Saudita ou do Irão, e tutti quanti."

Nesse aspecto, uma vitória dos revoltosos só obtida (o que dê a aparência de só ter sido obtida) com apoio internacional tem mais ou menos o mesmo efeito - os outros déspotas pensarão "desde que tenha boas relações com a «comunidade internacional» não há problema; posso mandar o exército contra os contestatários que já se viu que, sem apoio internacional eles não podem fazer nada".

Anónimo disse...

bem, sabemos que o kadaffi so tem ganho vantagem porque tem avioes. por outro lado, nao é verdade que quem os pilota sao na realidade mercenarios em termos estatutarios? também há a questão de que impedir a utilização de avioes não é bem o mesmo que atacar as suas forças...

se ele nao os usar a onu nao faz nada, nao seria uma especie de capacetes azuis mas nos ceus?

Anónimo disse...

A criação de uma zona de exclusão aérea implica a destruição dos aviões,baterias de defesa aérea e pistas de aviação. A Rússia reequipou recentemente o exército líbio com blindados e a força área com Sukhois. Os EUA " convenceram " Sarko a " dirigir " os ataques cirúrgicos, segundo um artigo muito profundo de Simon Tisdall, hoje no The Guardian.Niet