21/03/11

Sobre a guerra em curso na Líbia e em Portugal


Não tenho ainda muito claras as ideias acerca do que se está a passar na Líbia, mas assim de repente já tenho uma opinião formada sobre o que se está a passar numa série de blogs em Portugal. 
Acho que ninguém dispõe de informações suficientes para afirmar, com toda a certeza possível, que estes bombardeamentos terão este ou aquele efeito, que esta intervenção seguirá este ou aquele curso, que a resolução do Conselho de Segurança da ONU corresponderá ou não aos interesses do "povo Líbio". 
E, porque assim é, seria extremamente avisado (se não mesmo razoável) que cada um expusesse os seus pontos de vista sobre a questão - inevitavelmente desinformados e eventualmente equivocados - sem acusar os que pensam de outra maneira de coisas tão bonitas como ser: hipócrita, amigo de ditadores, objectivamente pró-imperialista, insensível ao sofrimento alheio, bronco, obtuso, fascista, filo-islamita, islamofóbico e outras coisas que tais.
Digo isto sem qualquer motivação particular, mas com a firme convicção de que o "povo líbio" terá tudo a ganhar se, neste recanto da Europa, algumas dezenas de pessoas que publicam as suas opiniões em blogs o fizerem com um pouco mais de razoabilidade e ponderação. Porque é apenas disso que se trata, enquanto a história se escreve noutras paragens: publicar a nossa opinião num blog. Nenhuma vida se perde ou se ganha devido ao que nós aqui escrevemos. Sei que custa a aceitar este facto, mas talvez seja útil relembrá-lo, uma vez que, nos últimos dias, quase se poderia julgar que a linha da frente do conflito na Líbia passou pelo meio dos nossos teclados. Para o bem e para o mal, não é esse o caso.

5 comentários:

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Caro Ricardo
Por outras palavras, tem sido isso que eu tenho feito e mais tenho-me esforçado por dar informação a quem quer ser informado. Mas para aqueles que na esquerda já tomaram posição inflamada sobre a bondade dos bombardeamentos, só lhe posso chamar "boas almas". Ver o meu post http://trix-nitrix.blogspot.com/2011/03/o-impasse-libio-resolvido-pelo.html

Joana Lopes disse...

Não posso estar mais de acordo, Ricardo,

Luís Rocha disse...

Não Ricardo, quem não tem a certeza é você, não seja dogmático, não se arme em superior. Você é quem não tem a certeza porque você não tem a certeza do que é a NATO, do que é a União Europeia, do que são os Estados Unidos ou do que são todos estes que eu referi numa só palavra: imperialismo.

Há 50 anos atrás os Estados Unidos estavam em curso de matar 3 milhões de pessoas no Vietname, há 50 anos atrás a França estava em curso de matar 1,5 milhões de pessoas na Argélia, há 50 anos atrás os restos do Império britânico na da África do Sul e da Rodésia ajudavam a criar o monstruoso sistema de segregação racial chamado Apartheid.

Actualmente, ainda na ressaca das agressões ao Kosovo, Afeganistão e Iraque, vemos estes 3 países a tentar salvar o dia mais um vez.

SERÁ QUE NÃO APRENDERAM NADA?

Ricardo Noronha disse...

Obrigado Luís, por me ter aconselhado a ser dogmágtico e não me armar em superior, antes de partilhar comigo as suas certezas. Estou certo que os insurrectos líbios agradecem a sua preocupação.

Luís Rocha disse...

Dogmático é dizer quem pode e quem não pode ter certezas como você disse.

O povo líbio é que agradece pela sua preocupação com os insurrectos de bandeira monárquica. Aqueles cujo governo provisório solicitou a intervenção militar estrangeira.

Toca a salvar o povo líbio… uma bomba de urânio empobrecido de cada vez. As bombas são como sabemos “inteligentes” e a guerra como sabemos é “humanitária”. Então nós aqui longe dos estrondos podemos dormir descansados. Calcula quantas toneladas de bombas serão necessárias para matar o Khadafi? Que bom para as economias europeias não é? Que bom para a criação de emprego. Isto é só vantagens. Toda uma geração de lunáticos militaristas podem agora aplaudir o Daniel Oliveira. Olha que bom! E que triste é ser criança na Líbia neste momento.