26/03/11

A "zona de exclusão aérea" sobre a Líbia e os tanques voadores

Tem-se comentado muito que os tanques do regime líbio destruídos pela NATO já não vão voar.

Formalmente, essa observação é infundada, mas é certeira politicamente.

É formalmente infundada, porque a Resolução 1973 da ONU autoriza, não apenas o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, mas a tomada de "todas as medidas necessárias para proteger as populações civis", o que incluirá destruir tanques em ofensiva; aliás, sobretudo desde a invenção da artilharia, qualquer operação militar representa grave risco para os civis na vizinhança, pelo que a resolução dá legitimidade para qualquer acto dirigido contra forças militares em acção.

Mas politicamente essa critica está correcta - o que foi vendido às opiniões públicas foi uma "zona de exclusão aérea"; o que as petições que andavam a circular falavam era de uma "zona de exclusão aérea"; o argumento frequentemente utilizado era "é preciso neutralizar a força aérea de Khaddafy para ser uma luta justa e equilibrada" - em momento algum se falou em fornecer uma força aérea aos revolucionários (que é o papel que os aviões ocidentais estão a desempenhar). Ou seja, independentemente das vantagens que esta intervenção possa ter (e eu admito que para os líbios o resultado seja positivo), começou com uma fraude politica.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não enfio esse barrete da intervenção humanitária.

Esse é o pretexto que habitualmente se invoca para dar início a uma guerra. Os reais interesses da intervenção são outros. Até Hitler invadiu a Checoslováquia com o pretexto de proteger os "indefesos" alemães das Sudetas, vejam lá o bondoso...

Esse pretexto da intervenção humanitária na Líbia serve para esconder os reais interesses da intervenção, que são os vultuosos investimentos das muitas multinacionais em território Líbio. São esses investimentos que se querem proteger e não as populações. Que se deixem de tretas.

Se as protecção das populações e as preocupações humanitárias são a razão da intervenção, então por que não usam o mesmo critério em relação ao Irão, à Coreia do Norte, ou à Síria?

Banda in barbar disse...

para quais Líbios ?

as tribos do oeste perderão parte do seu poder político e económico

tal como os sunitas e os cristãos no iraque nestes anos

logo esperar que o novo Karzai

seja melhor que kaddahfi (com i ou y)

é pensar que Cavaco é presidente de todos mas optou por um lado

ou Sócrates é um salvador

ou um imbecil pode ser um unificador de gentes

ou seja se a presente crise política não abriu os olhos sobre a estupidez das gentes e dos políticos

e esperar que isto seja bom para o povo líbio desempregado na maioria

porque milhões de contratados faziam o trabalho sujo que eles não queriam fazer

um país de subsidiados do petróleo
dará uma nação

é ser...ingénuo?

Anónimo disse...

Essa sua tese, M.Madeira, da fraude política para caracterizar a aplicação no terreno da resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU merece, se me permite, que lhe tire o chapéu.E falou, sem subterfugios de intervenção da NATO, o que soma na sua vertical análise. Milhares de textos e comentários foram publicados, já,sobre isso. E o sublinhado principal de todos eles, com efeito, é de que a criação de uma " zona de exclusão aérea " é um acto de declaração de guerra. Total e desproporcionada: pois congrega meios militares da primeira potência mundial e de uma meia dúzia de países do Primeiro Mundo. A "guerra" incluiu episódios de Contra-Informação, múltiplos e funestos. O M.Madeira fala também do lado "positivo " para o povo líbio de tal estratégia de ataque...da NATO. Ora bem, com a ambiguidade da Resolução 1973,tudo se encaminha para o total esmagamento e destruição do exército de Khadaffi, mais cedo ou mais tarde. E, por razões políticas adicionais também, tudo se encaminha para que um exército de " ocupação ", de fachada multinacional, invada a Líbia e tente instaurar um regime pró-West, estruturado por ex-mollahs com ligações à Al-Quda num passado recente. Por outro lado, vários documentos importantes foram revelados na Imprensa internacional, sobretudo extractos de declarações do antigo CEMG da NATO da era GWB, general Wesley Clark: " A Líbia estava na lista oficial do Pentágono para ser dominada apòs o Irak, com a Síria e a jóia da coroa: o Irão ".Niet

Zuruspa disse...

Banda, as tribos do Oeste JÁ perderam parte do seu poder político e económico a partir de 2003, quando o Kaddafi privatizou parte dos poços e da economia lá do sítio. Perderam os tachos, por isso começou esta "revolta popular".

Ficou mau foi para os egípcios, porque seräo impedidos de voltar, criando mais miséria ainda no Egipto.

Os líbios habituados a Ensino e Saúde quase grátis, e a chorudos (para a zona) subsídios de contínuo desemprego, porque näo queriam sujar as mäos, mais de 25% da populaçäo, é que se väo ver... gregos! Quero ver quem os impede de atravessar o Mediterräneo até chegar a... olha, França, onde está o seu adorado Sarkozio!